Em eleição acirrada no Uruguai, candidatos buscam votos no 2º turno

Eleição presidencial será realizada no domingo (24)

Os uruguaios escolherão no domingo (24) entre dois candidatos de centro para próximo presidente. O segundo turno, no entanto, muito disputado, poderá ser decidido pelos eleitores que votaram em um radical antivacina e em outros candidatos no primeiro turno.

As últimas pesquisas de opinião antes da votação sugerem que há apenas 25 mil votos entre os dois candidatos – o prefeito de centro-esquerda Yamandú Orsi e o candidato conservador da coalizão governista Álvaro Delgado.

Isso significa que os eleitores que votaram em candidatos derrotados no primeiro turno, em outubro, serão fundamentais. Entre esses candidatos está o antiestablishment Gustavo Salle, que se manifesta com um megafone contra vacinas, corrupção e identidade de gênero e quer proteger o meio ambiente. Ele teve desempenho melhor do que o esperado no primeiro turno, com 3%.

O Uruguai contraria a tendência global de divisões acentuadas entre direita e esquerda observadas em muitos países, o que tem sido um ano eleitoral de grande impacto.

A nação sul-americana, de 3,4 milhões de habitantes, vai às urnas em 24 de novembro com um presidente popular, inflação em queda e emprego e salários reais em alta. Mas as preocupações de longa data com o alto custo de vida, a desigualdade e os crimes violentos persistem.

O presidente Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, de Delgado, constitucionalmente não pode se candidatar à reeleição imediata.

“Há poucos indícios de que os eleitores estejam clamando por mudanças políticas significativas”, disse o analista uruguaio Nicolás Saldías, da Economist Intelligence Unit.

O amplo consenso entre os dois lados em questões como economia significou que os principais candidatos tiveram dificuldades para conquistar a população, acrescentou Saldías.

Os dois candidatos do segundo turno esperam atrair os cerca de 8% dos eleitores do primeiro que optaram por partidos menores, como o de Salle, bem como aqueles que não compareceram às urnas em outubro.

Mas nenhum deles fez novas promessas nas últimas semanas para atraí-los, e os pesquisadores dizem que um debate televisionado parece ter tido pouco efeito.

Salle, cujo partido garantiu duas cadeiras no Congresso, disse que não diria a seus apoiadores em quem votar.

“Não sou um general que dá ordens”, disse o advogado de 66 anos à Reuters. Acrescentou que Orsi poderia obter mais apoio, devido às suas políticas de esquerda, como a proteção dos direitos dos trabalhadores e do meio ambiente.

Salle incentivou seus simpatizantes a anular o voto.

Orsi, que se comprometeu com uma “esquerda moderna”, obteve 43,9% dos votos em outubro para a Frente Ampla e enfrentará Delgado, que obteve 26,8%, mas também conta com o apoio do Partido Colorado, que, junto com o Partido Nacional, obteve quase 42% dos votos.

Nenhuma das coalizões tem maioria absoluta na Câmara baixa após as eleições de outubro, o que pode limitar a aprovação de propostas mais radicais. Mas a Frente Ampla conquistou 16 das 30 cadeiras do Senado, o que, segundo Orsi, o coloca em uma posição melhor para liderar o governo.

Fonte: Agência Brasil

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