Um homem foi preso no Lago Norte, no Distrito Federal, por suspeita de envolvimento
em um esquema de venda de atestados médicos falsos com entregas à domicílio. A investigação foi feita pela Polícia Civil e de acordo com os policiais, o criminoso atuava há pelo menos três anos.
A encomenda dos atestados era feita via WhatsApp. Para diminuir o risco, o suspeito só aceitava pedidos por indicação de outros que já haviam usado o serviço. O criminoso cobrava R$ 50, caso o interessado buscasse o atestado em Santa Maria. No serviço de entrega em casa, chamado delivery, o atestado era R$ 100. O pagamento podia ser feito via PIX ou cartão. O homem levava no delivery uma maquininha.
A denúncia foi feita por um médico legista da Polícia Civil do DF (PCDF). O profissional da saúde era uma das vítimas das falsificações. Atestados médicos, assinados com o nome do profissional e o carimbo dele, estariam sendo apresentados em várias empresas do DF para subsidiar
afastamentos de funcionários.
As empresas estranharam os documentos porque vários desses atestados possuíam números da tabela de Classificação Internacional de Doenças (CID) inconsistentes. “Houve um atestado falso que apontava entorses e fraturas no pé, contudo, as imagens de raio-x diziam o contrário. Esses erros grosseiros na classificação dos CIDs faziam com que as empresas encaminhassem os atestados ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e o médico legista sistematicamente ficava respondendo processos administrativos e tendo que justificar a situação”, explicou o delegado Erick Sallum.
A equipe de investigação da 9ª DP foi quem conseguiu descobrir quem era o responsável pelo esquema. Trata-se de um morador de Santa Maria que havia conseguido desviar de um conhecido hospital do DF diversos talonários contendo centenas de atestados. Com esses atestados em mãos, efetivou pesquisas na internet e localizou o nome e CRM de um médico. Com esses dados, facilmente conseguiu confeccionar um carimbo na feira dos importados e passou a falsificar o documento. Para seu azar, o nome que ele escolheu foi o de um policial médico legista lotado no Instituto Médico Legal (IML) da PCDF.
O suspeito foi preso em flagrante quando iria fazer uma entrega num condomínio do Lago Norte na frente ao Shopping Iguatemi. As equipes da 9ª DP efetuaram sua prisão. No
interior do carro, havia um atestado preenchido com os dados da pessoa para quem
a entrega iria ser feita. Já na casa do criminoso em Santa Maria, foram encontrados
cerca de 80 atestados. Todos já carimbados e assinados.
O celular do criminoso foi apreendido. As conversas via WhatsApp serão analisadas e a PCDF irá identificar todas as pessoas que nos últimos 3 anos compraram esses atestados. Essa prática, além de acarretar em demissão por justa-causa do trabalhador, também consiste em crime de uso de documento falso.