Quem nunca foi chorando pra casa depois de ter recebido um retorno negativo da sua imagem, personalidade ou comportamento? Quem nunca chorou pelos cantos magoado com algo que Fulano disse ou por descobrir que Beltrano não gostava da sua presença?
Quem nunca paralisou os seus processos internos ou atrasou objetivos e metas por medo da reação de alguém?
Todos nós temos traumas relacionados à convivência com uma outra pessoa. Isso é fato. No fundo, a gente até sabe que não poderíamos dar tanta relevância a opinião alheia, mas também é fato que, por vezes, a gente se incomoda por passar por certas situações. Mas a pergunta é: Será por que a opinião do outro tem tanta relevância em nossa vida?
O “viver em sociedade” tem muito dessa carga dos interesses dos outros” em nossa vida. É claro que não estamos falando sobre o bom senso de se viver em sociedade, que envolve se comportar decentemente com outras pessoas para preservar o respeito e a convivência.
Estamos falando sobre quando a necessidade de agradar o outro é tão grande que acabamos anulando os nossos próprios interesses e vontades em prol de uma outra pessoa.
É fato que precisamos de outras pessoas nos nossos processos e até mesmo para a nossa sobrevivência, mas a grande questão é: como você lida com essa “necessidade’?
Geralmente, quando esse “medo dos outros não gostarem” vem à tona, nos encontramos em algum momento importante e decisivo dos nossos processos individuais onde percebemos que algo em nós deveria mudar. Conscientemente, sabemos que essa mudança é importante para melhorar algum aspecto da nossa vida, seja profissional ou pessoal.
Só que aí, percebemos que essa decisão pode impactar outras pessoas que convivem com a gente, em especial, as mais próximas. É nesse momento que o medo entra e começa a colocar tudo em risco, onde o “tudo”, é o nosso crescimento, felicidade, interesses, objetivos, metas e etc..
O medo de causar no outro um desconforto, fala mais alto do que o medo de continuar no mesmo lugar. Vai entender né?? No nosso mundo feminino, isso é muito comum. Conheço várias mulheres com um potencial incrível e que se limitam por colocarem à frente dos seus interesses, os de todos em volta, exceto o dela mesma.
E sabe o que acontece quando a gente frustra os nossos sonhos, desejos e interesses? As doenças emocionais, como a depressão e ansiedade, adoram chegar na nossa vida. Um estágio emocional que faz você achar que é incapaz ou insignificante, por que de alguma forma você entende que não é capaz de algo. E adivinhem! Muitas vezes essa incapacidade foi alguém que te disse ou fez sentir!
Uma pesquisa feita no Brasil, no estado de São Paulo (SP), mostrou que 20% das mulheres já apresentaram algum episódio depressivo, enquanto esse índice é de 12% entre o público masculino. É claro que os motivos são inúmeros, mas, muitas vezes, são situações onde esses “outros” contribuem diretamente para que o sentimento de incapacidade surja, gerando doenças emocionais.
São tantas pessoas para agradar, não é mesmo?
O fato é: uma hora a gente cansa né? O processo para se desprender não é de um dia para o outro. Até porque, não é de um dia para outro que desenvolvemos essa dependência. Mas é possível ir se desprendendo um pouco desse comportamento limitador.
O que você pode fazer para começar a se importar menos com as opiniões alheias:
1º) Analise suas Amizades: amigos verdadeiros não fazem você se sentir desconfortável com as mudanças que você quer fazer e farão bem para você. Se desvencilhar de pessoas que impedem o seu crescimento é fundamental.
2º) Faça Terapia: se essa dependência da opinião dos outros te paralisa, você precisa buscar os porquês dentro de você. Trazer para a consciência esses motivos te ajudará a entrar no processo de cura e ressignificação de fatos que podem ter te causado uma série de dependências ao longo da sua vida.
3º) Autoconhecimento: comece a reparar em você. Seus comportamentos, sentimentos e atitudes falam tudo sobre você. Pare de se observar como se fosse uma terceira pessoa ou como se estivesse na platéia do palco principal, que é onde sua vida acontece. Isso vai levar você a descobrir fatos interessantíssimos sobre você mesma.
4º) Se valorize: isso mesmo! Você precisa entender que na vida não existe replay. E o “arrependimento” custa sua vida. E geralmente, quando você não percebe que você é o responsável por escolher que os outros comandem a sua vida por depender da opinião alheia, você se colocará na posição de vítima, o que te fará um ser humano um tanto medíocre. E deixa eu te falar uma coisa? Você é melhor que isso!
Levante da cadeira e assuma a responsabilidade da sua própria vida. A posição de vítima não combina com uma mulher poderosa. Deixe essa insegurança de lado buscando a ajuda de quem realmente pode te apoiar em seus processos.
Todo esse assunto chegou, porque essa semana me lembrei de um texto que fiz quando percebi que a cada dia estava me desapegando da “dependência coletiva”. Escrevi:
“Eu sempre estava me esforçando para as pessoas gostarem de mim. E parece que quanto mais eu tentava, elas sempre apareciam com mais um defeito que eu deveria melhorar. Era desgastante tentar, tentar e nunca conseguir agradar. Até que um dia, eu desisti de tentar. Isso aconteceu quando eu encontrei uma pessoa que disse gostar de mim exatamente da forma que eu era. Ela disse que amava minhas qualidades e defeitos e que sempre que eu me sentisse só, ela estaria lá para me acolher e que seria sincera comigo. Essa pessoa, sempre esteve lá. E eu nunca reparei que ela me olhava todos os dias e tentava por horas chamar a minha atenção. Ela se chama “eu mesma”. – Texto de Hisis Hortênia
Não se esqueça, no final, sempre sobrará você e você mesma. Então por que mesmo se preocupar se alguém gosta ou não de você? Não dê esse poder para ninguém. Valide sua existência e faça valer a pena.
Hisis Hortênia (QG Mulher)