Na manhã desta quarta-feira (5), policiais da 9ª DP da Polícia Civil do Distrito Federal, com apoio operacional da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ), cumprem 31 mandados judiciais, sendo 2 prisões temporárias, 7 prisões preventivas, 9 buscas e apreensões e 13 sequestros de bens e valores. A investigação apura uma organização criminosa que aplicava o “Golpe do Consignado”. Algumas vítimas são do DF, mas parte dos bandidos morava no Rio de Janeiro.
No DF, foram localizadas 5 vítimas, com prejuízos entre 90 e 230 mil reais. A investigação também localizou outras dezenas de vítimas espalhadas em diversos estados do território nacional, entre eles, PR, SC, PE, RJ, GO, DF, AL, RS, BA. Após efetivarem tantas vítimas e o nome da empresa ficar “queimado” em sites de reclamações, eles abandonaram o CNPJ e abriram outro para iniciar o ciclo novamente.
O esquema movimentou cerca de R$ 3,5 milhões de reais. Todas as pessoas que foram vítimas dessa mesma empresa devem registrar B.O. nos seus respectivos estados ou procurar a 9ª DP. Cada nova vítima encontrada representa adicionais 4/8 anos de prisão passíveis de serem imputados ao grupo.
Em decorrência da legislação eleitoral que proíbe o cumprimento de prisões entre 5 dias antes e 48 horas após a eleição, a equipe manteve acompanhamento dos alvos, deflagrando a operação nos primeiros minutos desta manhã.
Modus Operandi
A organização criminosa montou uma empresa de fachada chamada Global Intermediações Promotora LTDA. Essa organização possuía cerca de 30 funcionários e funcionava como um call center, assediando pessoas em todo o Brasil, oferecendo créditos consignados. Os criminosos ligavam para pessoas que já possuíam créditos consignados e ofertavam a “portabilidade” para outro banco com supostas taxas de juros e parcelas menores.
A vítima era induzida a fornecer toda sua documentação e aceitar a “portabilidade”. Na verdade, os golpistas obtinham um novo empréstimo em nome da vítima que acabava com duas dívidas: a original e a nova obtida fraudulentamente. Após o golpe, os criminosos bloqueavam os celulares e os clientes ficavam sem a quem recorrer. Diversas pessoas ficaram com sua própria subsistência comprometida pelos diversos descontos.
A investigação demonstrou que o núcleo da quadrilha era composto pela mesma família (mãe, filho e nora). A nora ainda usou o nome de seu irmão (motoboy) como proprietário laranja da Global Intermediações. Para evitarem serem localizados, sistematicamente mudavam de endereços e escritórios no RJ, trocavam de chips de celular e contatos de WhatsApp o que deixava as vítimas perdidas.
Vazamento de dados e descontrole do mercado de crédito consignado
A investigação também revelou que está ocorrendo um sistemático vazamento dos dados pessoais da população brasileira. A LGPD (lei geral de proteção de dados) está sendo categoricamente desrespeitada e as informações pessoais de milhões de brasileiros estão sendo comercializadas sem qualquer critério, o que facilita toda espécie de golpe.
Isto ficou claro, uma vez que somente vítimas que já possuíam créditos consignados eram abordadas.
Todas as vítimas narraram que, quando recebiam as ligações, os criminosos sabiam tudo de suas vidas, valores de empréstimos anteriores e contas bancárias que possuíam. Esse nível de informação fornecia uma falsa imagem de legitimidade das propostas e faziam com que os criminosos ganharam a confiança das pessoas.
“Esta é a oitava operação deste ano deflagrada pela 9a DP com o objetivo de combater essas espécies de fraudes eletrônicas. Tentamos demonstrar aos criminosos que pescar vítimas ligando para o DDD (61) não é um bom negócio. O aparente enriquecimento inicial logo vem seguido da forte repressão da PCDF. Por isso o nome da operação (Ouro de Tolo), o lucro obtido com as vítimas do DF é ilusório, pois todos os criminosos acabaram presos e com seus bens bloqueados”, explica o delegado Erick Sallum.