A próxima pode ser você!

Uma reflexão sobre o caso de estupro que ocorreu no Rio de Janeiro

Quartel, desculpe um tema tão direto, mas a gente precisa falar sobre o que está doendo
agora dentro do nosso mundo feminino.

Antes de iniciarmos, preciso trazer uma estatística importante.
Segundo o site da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), 1 a cada 3 mulheres
em todo mundo já sofre algum tipo de violência. E para que você entenda o quanto essa
estatística está próxima de você, imagine o seguinte: feche os olhos e pense no seu
círculo pessoal de relacionamento feminino.

Pensou? Essa estatística mostra que 1 a cada 3 dessas mulheres que você conhece já
sofreu algum tipo de violência.

Elas não te contaram ou elas nem sabem que isso pode ter acontecido. Já imaginou?
E pode ser que tenha sido você que tenha passado por isso. Talvez, você nem possa
falar ou se defender por ter sido ameaçada, ou por ter muita vergonha, ou até mesmo
por se sentir culpada. Esse silêncio, talvez, te mate dia após dia e de pouco em pouco.
Em meio de um jardim de rosas, sabemos que a nossa realidade tem muitos espinhos
que nos ferem profundamente.


Não tem nem duas semanas que falávamos sobre o caso da Klara Castanho na nossa
coluna, e agora, teremos que tocar novamente em um assunto que chega a sangrar
aqui dentro do tanto que doí.

Essas duas mulheres, provavelmente não são nenhum pouco próximas de você. Mas,
mesmo que a vítima não tenha sido eu e nem você, segundo a estatística acima,
amanhã a próxima pode SIM ser eu ou você.

E para que isso não aconteça, queremos te ensinar como você pode salvar sua amiga,
sua mãe, sua irmã ou qualquer outra mulher de ser a próxima vítima de uma agressão.

O CASO “GIOVANNI QUINTELLA BEZERRA”

No dia 11 de julho, última segunda-feira, Giovanni Quintella Bezerra foi preso em
flagrante por estupro de vulnerável no exercício de sua função como anestesista em um
hospital do Rio de Janeiro, enquanto participava de um parto cesariano. A vítima, a mãe
que dava à luz, estava dopada por excesso de dosagem, induzida propositalmente pelo
estuprador para que fosse possível a execução do crime.

Segundo algumas investigações que observaram o comportamento do agressor nas
redes sociais, em suas postagens ele dizia “que um dia as pessoas ouviriam falar dele”.
E ele tinha razão! Agora, é conhecido como um estuprador, profissional negligente e
ainda investigado por quantas vítimas ele pode ter feito desde início de suas atividades
como anestesista.

Outro ponto curioso desse caso é o nível de importância e curiosidade que a população
deu ao agressor após tudo o que houve. O agressor, que tinha por volta de 500
seguidores em sua principal rede social, ganha em alguns dias, 20 mil novos seguidores,
que independente do propósito dessa conexão, apoiam de forma mascarada o reforço
da imagem desse indivíduo repugnante.

Se essas mesmas 20 mil pessoas se unissem aos movimentos que apoiam as lutas de
violência contra a mulher, talvez teríamos agressores cada vez mais intimidados a
prática de qualquer tipo de agressão.


A EQUIPE DE ENFERMAGEM

Diferentemente do caso da Klara Castanho, as enfermeiras, que estiveram envolvidas
no caso do estupro, foram as grandes heroínas. Elas pouparam outras vítimas que esse
agressor poderia fazer.

Ao invés de se intimidarem, ao notarem o comportamento suspeito do agressor, a ação
foi criar provas para denunciar e pará-lo imediatamente.

E as tentativas foram incessantes, pois foi apenas após a terceira tentativa que a equipe
conseguiu capturar as imagens para entregá-las à polícia.

Que bom saber que existem mulheres que se arriscam por outras né? Gratidão por
salvar algumas de nós. A sororidade foi praticada com sucesso nesse caso. Que alegria!


COMO VOCÊ PODE AJUDAR?

As agressões podem ocorrer em vários níveis, de várias formas e em qualquer lugar.
Ao perceber, você terá que ter atitude. Veja algumas formas de ajudar:

1º) Ação com Segurança: você não deve arriscar sua vida, mas pode agir com
segurança ao confiar suas denúncias aos corpos responsáveis como polícia e outros
órgãos responsáveis pela segurança de ambas. Veja alguns desses canais de denúncia:

● Disque 190: é uma comunicação de urgência e emergência. Fatos que estejam em
andamento ou tenham acabado de ocorrer. Por exemplo, homem armado na porta da
casa da ex-companheira.

● Disque 180: é uma escuta qualificada às mulheres em situação de violência. O serviço
registra e encaminha denúncias aos órgãos competentes, bem como reclamações e
sugestões. Pode servir como canal de informação sobre a rede de proteção às mulheres
e de orientações para quem quer ajudar uma mulher em situação de violência.

2º) Ajude outros a terem consciência: discussões saudáveis sobre o assunto são
sempre bem-vindas, seja com mulheres ou homens. O objetivo é criar uma
conscientização sobre a importância do apoio a favor da segurança e cuidado com
mulheres.

3º) Apoiar as vítimas de uma agressão: a vulnerabilidade de quem passa por uma
situação como essa deve ser, de fato, uma das piores sensações do mundo. Dar apoio,
ouvir ou apenas estar junto dessas mulheres fará toda a diferença no processo. Dê a
mão!

4º) Se posicione: faça seus próprios movimentos! Use suas redes sociais para criar uma
conscientização no seu universo de amizade e conexões. Seja firme e se posicione!
Hisis Hortênia (QG Mulher)

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