O Tribunal do Júri de Brasília condenou, nesta quarta-feira (26), o advogado Paulo Ricardo Moraes Milhomem a 11 anos de prisão em regime inicial fechado. Ele foi sentenciado por atropelar a servidora Tatiana Matsunaga, depois de uma briga de trânsito, no Lago Sul.
O julgamento começou na manhã desta terça (25) e terminou na madrugada de quarta, após quase 15 horas. Os jurados decidiram que, ao atropelar a vítima, o advogado cometeu uma tentativa de homicídio com duas qualificadoras: motivo fútil e emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima.
Tatiana foi atropelada, na frente de casa, no Lago Sul, após uma discussão no trânsito. O advogado Paulo Milhomem perseguiu a mulher e jogou o carro para cima dela, conforme imagens gravadas por uma câmera de segurança.
Paulo Ricardo está preso desde agosto de 2021. Ele ocupa uma cela especial no 19º Batalhão da PM, no Complexo Penitenciário da Papuda, em São Sebastião. A legislação brasileira prevê que ele tem direito a esse tipo de cela, por ser advogado.
Depoimentos
O julgamento começou às 10h da manhã de terça-feira. Além da vítima e do réu, nove testemunhas foram ouvidas. Pela manhã, um policial civil que participou das investigações prestou depoimento.
À tarde, dois peritos da Polícia Civil, que examinaram o local e os veículos, também foram ouvidos. Segundo a análise deles, o atropelamento aconteceu a uma velocidade de 18 a 20 quilômetros por hora.
Os policiais disseram que o contato inicial entre o carro de Paulo e Tatiana não poderia ser evitado, mas concluíram que Milhomem poderia não ter passado com o veículo por cima de Tatiana.
Também à tarde, a esposa de Paulo Ricardo, Natália Milhomem, dois amigos do casal e a sogra do réu prestaram depoimento.
O último a ser ouvido foi de Marcelo Montezani, contratado pela defesa para fazer uma perícia particular. Ele apresentou uma simulação do acidente e disse que poderia haver um ponto cego no veículo quando o advogado arrancou o carro, o que o impediu de ver a vítima
Ainda segundo Montezani, se a vítima não tivesse se movimentado, o atropelamento não teria ocorrido. A acusação diz que o atropelamento foi proposital e que Paulo Ricardo fugiu sem prestar socorro.
Relembre o caso
Tatiana é servidora pública da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa). Após o atropelamento, ela sofreu traumatismo craniano e fraturas expostas na perna e no quadril, e chegou a ficar na UTI de um hospital particular.
O atropelamento ocorreu na frente da casa da vítima, na QL 19 do Lago Sul. De acordo com a Polícia Civil, Paulo Milhomem e Tatiana discutiram na rua, na altura da QI 15, e o advogado seguiu a mulher, até a casa dela.
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que a Tatiana estacionou o carro. O advogado chegou logo depois.
No vídeo, é possível ver que os dois discutiram. De carro, Milhomem foi até o fim da rua, enquanto Tatiana descia do veículo dela.
Neste momento, o marido da servidora saiu de dentro de casa para ver o que estava acontecendo, e a discussão recomeçou, entre os três. Em seguida, o advogado avançou, de carro, e atropelou Tatiana.
O marido dela saiu correndo em direção ao carro, mas voltou para socorrer a esposa. Segundo a família, o filho do casal, de oito anos, presenciou a cena.
Fonte: G1 DF