Aluna diz ter sofrido racismo durante partida de futebol entre escola pública e particular em Taguatinga

Segundo ela, funcionária e alunos do Colégio Projeção teriam feito ofensas. Em nota, escola diz que está à disposição para apurar e tomar providências necessárias.

2 de maio de 2024 61 visualizações
Postado 2024/05/02 at 11:40 AM
Foto: TV Globo/Reprodução

Uma estudante diz ter sido vítima de racismo dentro de uma escola particular em Taguatinga, no Distrito Federal. Segundo ela, uma funcionária e alunos teriam feito as ofensas durante uma partida de futebol entre duas escolas. A jovem de 16 anos estuda no Centro de Ensino Médio de Taguatinga Norte (CEMTN). O caso foi no Colégio Projeção, no dia 26 de abril.

Ela conta que a supervisora da escola, que é também mãe de uma aluna, teria a chamado de “macaquinha”. Segundo a jovem, alunos do colégio particular também teriam feito ataques racistas durante o jogo.

“Fizeram gestos pra mim e o som de macaco, que estava rolando muito”, lembra a jovem que não será identificada.

  • Em menos de um mês, esse é o terceiro caso de racismo envolvendo alunos de escolas particulares do DF (veja detalhes mais abaixo).

Em nota, o Colégio Projeção disse que tomou conhecimento das ofensas raciais e que está à disposição para apurar e tomar as providências necessárias. A instituição afirma que o caso está em apuração.

A direção do CEMTN afirmou que enviou um ofício à Comissão Disciplinar dos Jogos escolares do DF, exigindo a apuração dos fatos, além de uma súmula da partida e o depoimento da mesária da partida, que teria presenciado tudo. A direção também afirmou que pediu a expulsão do colégio projeção da competição.

Já a Secretaria de Educação do DF informou que foi notificada do caso e que vai apurar e tomar as medidas cabíveis diante da situação, como ouvir a mesária da partida. A TV Globo não conseguiu contato com a funcionária do Colégio Projeção.

Partida de futebol

A estudante conta que ela e os colegas do CEMTN, assim que chegaram ao Projeção, foram mal recebidos pelos torcedores.

“Começamos a partida e o que aconteceu foi que eu já tinha levado um cartão, porque realmente cometi uma falta que machucou minha adversária. Essa filha dessa supervisora estava muito em cima de mim, e eu fui apoiar nela e dei uma afastada. Ela simplesmente se jogou no chão e a mãe dela ficou muito brava”, diz a estudante.

Ela afirma que, logo em seguida, foi surpreendida com os ataques.

“Eu falei ‘sua filha não joga nada’, e ela começou a falar que eu não jogava bem, que eu tenho que aprender a jogar. Aí, eu fiquei mandando coraçãozinho para ela. Acho que foi por isso que ela se revoltou. Aí, quando eu virei as costas, ela me chamou de ‘macaquinha’ e fez gestos para mim”, conta a jovem.

Terceiro caso em menos de um mês

Em menos de um mês, esse é o terceiro caso de racismo envolvendo alunos de escolas particulares do DF:

O que diz o Colégio Projeção

“O Colégio Projeção tomou conhecimento de que teria ocorrido ofensa racial durante o recente jogo entre nossos alunos e a equipe do Centro de Ensino Médio de Taguatinga Norte. Tratando-se de comportamento absolutamente repudiado e combatido por esta Instituição, o Colégio CEMTN foi imediatamente procurado para nos passar informações mais consistentes sobre o caso, ocasião em que nos colocamos à disposição para apurar e apresentar o apoio e providências necessárias.

Neste momento, o caso ainda está em apuração, aguardando especialmente informações dos árbitros e registros do jogo.

Reiteramos que repudiamos qualquer forma de discriminação e promovemos ações antirracistas de forma firme e contínua. Caso o episódio relatado seja confirmado, todas as medidas cabíveis serão tomadas.”

O que diz o Colégio CEMTN

“Sobre as agressões às nossas alunas na partida futsal de 26/04 entre Projeção e CEMTN, no Colégio Projeção, válida pelos Jogos Escolares DF: Enviei de imediato ofício à Comissão Disciplinar dos Jogos Escolares do DF, exigindo a apuração dos fatos. Exigi a súmula da partida, bem como o depoimento da mesária da partida, que presenciou tudo.

Solicitei a exclusão do Projeção da competição em caso de confirmação, baseado no ART. 128 do CÓDIGO NACIONAL DE ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA E DISCIPLINA DESPORTIVA (CNOJDD) – “SENDO CONSIDERADA GRAVÍSSIMA A INFRAÇÃO PRATICADA, PODERÁ A COMISSÃO APLICAR A PENALIDADE DE EXCLUSÃO, SEM PREJUÍZO DA COMINADA NA RESPECTIVA INFRAÇÃO.” Recebi na segunda feira 29/04 a visita de dois coordenadores do Projeção em reunião que contou com a presença do professor responsável pelo CEMTN na partida. Os coordenadores lamentaram o ocorrido e estão dispostos a colaborar com as apurações.

Para uma ação penal, o crime de injúria racial é condicionado à representação do(s) ofendidos(s), ou seja, a abertura de inquérito e a ação judicial só são possíveis pela vítima e seus responsáveis. Nesta quinta feira 02/05 receberei os responsáveis pela aluna que foi o principal alvo dos ataques de forma a orientá-los e definir os próximos passos.

O Centro de Ensino Médio Taguatinga Norte é uma escola que preza pela cultura de paz e tem como premissa a intolerância aos atos de violência de qualquer natureza.

André Amancio – Diretor do CEMTN”

O que diz a Secretaria de Educação

“A Secretaria de Educação do Distrito Federal foi notificada, por intermédio da Globo, acerca de um incidente de racismo envolvendo alunas do Colégio Particular Projeção e do Centro de Ensino Médio de Taguatinga Norte. Diante dessa grave denúncia, serão realizadas diligências amanhã para apurar o ocorrido e tomar as medidas cabíveis diante da situação. A comissão interdisciplinar foi acionada e a mesária será ouvida.

A Secretaria reafirma seu compromisso constante em promover e incentivar ações que estimulem a paz, a cidadania, a solidariedade, a tolerância e o respeito à diversidade em todas as unidades escolares, sejam elas públicas ou privadas. Essa postura é fundamental para criar e manter um ambiente educacional inclusivo e respeitoso para todos os envolvidos.

Reforçamos a importância de uma apuração minuciosa e imparcial, visando à justiça e à segurança de todos os alunos e membros da comunidade escolar.

A intolerância e o preconceito não têm lugar em nossas escolas, e é dever de todos trabalhar incansavelmente para garantir que cada aluno se sinta seguro, valorizado e respeitado em seu ambiente de aprendizado.”

Fonte: G1 DF

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