Arte da resistência: cantoras indígenas falam sobre luta por reconhecimento e visibilidade

Brasília será o centro da cultura dos povos originários nos dias 13 e 14 de dezembro com a primeira edição do Festival Brasil É Terra Indígena, no Museu Nacional da República. A celebração tem entrada gratuita e conta com shows, exposições de arte e debates sobre riqueza cultural e bioeconomia (veja programação mais abaixo).

No palco, destaques da música indígena. Mas quem são os artistas indígenas no Brasil?

g1 conversou com Djuena Tikuna e Leila Borari, duas representantes da música dos povos originários. Segundo elas, “a música indígena é uma arte de resistência”.

“Essa era pra ser a música brasileira. Era pra gente ter um reconhecimento. Mas a música indígena não é uma música popular, não é ouvida por todos. É raro um artista indígena ter projeção, e a gente tem lutado muito por isso”, diz Leila Borari.

Povo Borari de Alter do Chão, no Pará

Leila Borari do grupo musical Suraras dos Tapajós — Foto: Arquivo pessoal

Leila Borari é do povo Borari de Alter do Chão, no Pará, e é co-fundadora da Associação de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós, do qual o grupo musical faz parte. Leila toca maraca, é backing vocal, compositora e também faz uma intervenção cênica durante o show.

“O nosso grupo toca carimbó que é um ritmo tipicamente paraense, e eu sempre falo que a gente toca música da Amazônia. Nós somos o primeiro grupo de carimbó composto somente por mulheres indígenas”, conta Leila Borari.

Nas letras, o grupo fala da luta da mulher indígena, do movimento indígena, da resistência e do cotidiano. Mas também há lugar para expressar a espiritualidade indígena e, naturalmente, para o protagonismo feminino e a conservação da floresta.

A inspiração das Suraras do Tapajós é a própria luta das mulheres indígenas. “Essa força que as mulheres indígenas têm. Nossa inspiração vem também da Amazônia, de toda a nossa conexão dos povos indígenas com a floresta, com o rio, com toda a sua fauna, com todo o seu encanto”.

Djuena Tikuna

Djuena Tikuna é atração do Festival Brasil É Terra Indígena — Foto: Divulgação

A cantora Djuena Tikuna é uma das poucas cantoras indígenas que têm discos lançados. São 17 anos de carreira, três álbuns e um livro musical. Ela também entende a arte indígena como resistência de uma cultura e de uma forma de ver o mundo.

Na última semana, ela se apresentou na Conferência do Clima da Onu (COP-28), em Dubai. De acordo com Djuena, a luta dos povos indígenas é a inspiração para o seu trabalho.

“Os rituais do meu povo e a sua cosmovisão são a influencia das minhas cantorias. Canto as histórias da criação do mundo, o que ouvimos com os nossos pais, nossas avós, e estes com os nossos antepassados. São histórias e canções que nos guiam para chegarmos cada vez mais longe”, conta a cantora.

Festival Brasil É Terra Indígena

Os destaques indígenas na música brasileira contemporânea integram o line-up do festival são:

  • Djuena Tikuna
  • Kaê Guajajara
  • Siba Puri
  • DJ Rapha Anacé
  • Tainara Takua
  • Gean Pankararu
  • Heloisa Araújo Tukue
  • Brisa Flow
  • DJ Eric Terena
  • MC Anarandá
  • Katú Mirim
  • Edvan Fulni-ô
  • Suraras do Tapajós
  • LaManxi
  • Brô MC’s
  • Grandão Vaqueiro

Além dos artistas indígenas, atrações nacionais também estão na programação do evento:

  • Xamã
  • Gaby Amarantos
  • Felipe Cordeiro
  • Lenine
  • Mariene de Castro

Programe-se

Festival Brasil É Terra Indígena

  • 🗓️ Quando: 13 e 14 de dezembro
  • ⏰ Horário: a partir das 9h
  • 📍 Local: Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul, Lote 2)
  • 🎫 De graça

  • Fonte: G1
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