O ato de interpretar textos excede o universo das provas de concursos públicos. A interpretação faz parte da nossa vida, das nossas relações sociais. Uma má interpretação separa casais, desfaz amizades e implica até uma demissão. Por isso, é tão importante que tenhamos o hábito da leitura. Ler tem que ser algo rotineiro. Quanto mais leitura em nossa vida, mais capacidade interpretativa nós temos.
Um dos assuntos mais falados no universo midiático atualmente são as fake news (estrangeirismo incorporado para designar notícias falsas). Essas notícias já viraram inclusive tema crucial no universo eleitoral. Há quem diga que as fake news podem inclusive decidir uma eleição.
Contudo, é preciso ressaltar que – quanto menos uma população tem o hábito da leitura analítica – mais suscetível às fake news ela está.
Todos temos aquele familiar que encaminha as mensagens que recebem sem ler com a devida análise. E isso, hoje em dia, vira um ciclo vicioso, pois as pessoas costumam se sentir informadas lendo apenas a manchete, ou a chamada jornalística, e – na ânsia de compartilhar essa informação – podem prestar um desserviço à verdade dos fatos.
A pergunta capital atualmente é:
Como confirmar se uma mensagem é fake News?
Em primeiro lugar, leve em consideração aquilo que todo veículo de comunicação sério diz: verifique a procedência da mensagem na notícia. Cada vez mais, são criados sites pseudojornalísticos, vinculados a partidos políticos e por eles financiados, por exemplo, com a nítida intenção de parecer verdadeiro e estimular o compartilhamento, com a intenção de convencer eleitores. Dê preferência a informações oriundas de empresas consolidadas no que tange à história do Brasil.
Em segundo lugar, o nível de redação. Textos com erros de português ou mensagens desconexas nitidamente não são redigidos por empresas sérias, com profissionais preparados e com a mínima competência linguística. Para isso, o leitor precisa ter, além do hábito da leitura, o olhar atento a possíveis deslizes gramaticais, por exemplo, erros de concordâncias, vírgulas mal empregadas, acento de crase indevido, falta de nexo entre as orações do período. É preciso ter tato com o texto para identificar falhas na redação.
Em terceiro lugar, se, no próprio texto jornalístico, houver alguma menção a um possível encaminhamento da mensagem tem ‘cara de fake news’. Por exemplo, ‘Este homem é acusado de assassinar três pessoas nesta rua. Encaminhem para o máximo de pessoas que você puder, para ajudar na sua captura’. O papel de um texto jornalístico sério não é incentivar a encaminhamento de mensagem, e sim informação a população dos fatos.
A última dica é o Fake Check. Pesquisadores brasileiros de universidades renomadas já desenvolveram sites em que se pode checar a veracidade de informações. A seguir exemplos de agências renomadas que prestam esse serviço: Agência Lupa, Fato ou Fake, E-Farsas e Fake Check. Identificar uma notícia falsa pode dar certo trabalho; porém, as consequências de compartilhamentos de mentiras pela internet podem ser devastadoras. Pesquise antes de compartilhar. Verifique a qualidade da redação, tenha olhos atentos ao respeito às regras gramaticais.