Após o corte de gastos na educação, a Universidade de Brasília (UnB) está sem dinheiro para pagar as bolsas de estudos, o auxílio estudantil e outros serviços de manuntenção da instituição. No mês de dezembro, o Governo Federal deixou de encaminhar R$17 milhões de reais para a universidade. A diminuição do orçamento já era uma realidade desde o início do ano, quando foram removidos outros R$18 milhões do orçamento.
De acordo com a reitora e vice- reitor da UnB, Márcia Abrahão e Enrique Huelva, a situação é insustentável. “A medida desconsidera, mais uma vez, que os principais atingidos pelos ataques às instituições públicas são as parcelas mais vulneráveis da sociedade brasileira. No caso das universidades, os mais afetados são os estudantes vulneráveis socioeconomicamente e os trabalhadores assalariados das empresas terceirizadas”, afirmou os representantes.
Esse panorama também se repete em outras instituições. O Instituto Federal de Brasília (IFB) teve 7,4% de seu montante, de R$40,9 milhões, retirados. A reitora da organização, Luciana Massukado, afirmou que a manutenção dos dez câmpus (Brasília, Ceilândia, Recanto das Emas, Estrutural, Taguatinga, Gama, Riacho Fundo, Samambaia, Planaltina e São Sebastião) e o ensino dos estudantes estão em perigo.
“A gente tem hoje um custo muito maior, com um orçamento muito menor. Os impactos são diretos na vida do estudante, pois são menos oportunidades que eles terão. O estudante é frontalmente atingido em função desse corte, porque tudo o que a gente faz de manutenção é para dar uma infraestrutura de qualidade para que ele permaneça na escola”, disse Luciana.
A estudante de design de produtos do IFB de Samambaia, Nathalia Jackeline, sentiu o corte de gastos a partir da falta de equipamentos dentro do curso que, em alguns casos, desembolsou do seu próprio dinheiro para repor os materiais. “Percebi também que diversas vezes docentes do campus tiram do próprio dinheiro para contribuir com a realização de alguma atividade, ou reforma no campus”, relatou Jackeline.
De acordo com o levantamento da instituição, 67% dos institutos federais são provenientes de famílias com renda per capita de até 1,5 salário mínimo. “ Nossa indignação é ver uma população ávida por conhecimento ser a maior prejudicada. Os jovens querem aprender, querem fazer pesquisa na escola. Se não damos as condições adequadas por falta de investimento em educação quem perde é o Brasil”, concluiu Luciana.