Uma a cada quatro famílias do Distrito Federal não tem crianças em casa. O dado é da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). A última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios do DF (PDAD-DF) mostrou que em 23,6% dos domicílios visitados, os casais não têm filhos. Ao comparar os dados com a pesquisa de 2018, houve um crescimento de 7,1% nesse índice.
O cenário se deve a um maior planejamento familiar no DF, que prevalece uma população com idade média de 34 anos. Segundo o doutor em economia, Pedro Garrido, há alguns fatores que influenciam esse aumento da população sem filhos como, por exemplo, o desemprego elevado, a queda na renda, o aumento das ocupações informais e o medo de perder o emprego.
” A situação de recessão econômica e de estagnação na economia brasileira desde 2015 trazem dificuldades para as famílias […] A falta de planejamento familiar pode ser um problema […] Os custos associados aos cuidados à formação de filhos”, contou Garrido.
A agente de saúde Sandra Rosa vê o planejamento familiar como uma questão relevante na saúde básica. “Desenvolvemos palestras e reuniões com mulheres a fim de orientar, informar e ajudar no plano familiar. Isso contribui muito, pois torna mais fácil e rápido o acesso da mulher a métodos contraceptivos e outras questões relevantes”, disse.
Rosa ainda ressalta que os objetivos das mulheres estão em processo de mudança. “Gosto de dizer que a mulher independente é soberana. Dona de seus ideais e atitudes, dona de si […] As mulheres estão cada vez mais aderindo a maternidade tardia e dizer que ser mãe não é uma prioridade no momento, não é um erro”, afirmou.
A universitária Gabriela Costa, 20, não tem filhos e nem planeja ter. Ela acredita que a mulher tem que fazer “escolhas conscientes”, seja em ter filhos ou não, com base nos seus objetivos.
Na projeção para os próximos anos, Pedro Garrido crê que a redução familiar permanecerá. Após tantas recessões (2015-2016; 2017-2019 e 2020-2021), não há condições para o desenvolvimento econômico no país.