Cultivo em sistema protegido é alternativa contra adversidades climáticas

13 de março de 2022 469 visualizações
Postado 2022/03/13 at 12:14 PM
Foto: Divulgação / Emater-DF

Altas temperaturas, excesso de chuvas ou secas, granizo, geadas e pragas sempre preocuparam o produtor rural. O uso de tecnologias que garantam a proteção física dos plantios contra as adversidades climáticas é sinônimo de colheita bem-distribuída ao longo do ano, permitindo ao agricultor colher tanto no período de seca quando no chuvoso. Em 2020, 409 produtores rurais do DF usaram o cultivo protegido em mais de 290 hectares, potencializando a produção de 15 mil toneladas de alimentos.

De olho na produtividade agrícola, a Emater-DF é uma ponte que liga as empresas de pesquisa, que desenvolvem as tecnologias voltadas para o campo, e o agricultor. O resultado desse trabalho se traduz em números. Segundo dados da Gerência de Desenvolvimento Econômico da Emater-DF, em 2020, mais de 290 hectares foram cultivados em ambiente protegido em todo o DF. Em Brazlândia, a tecnologia é empregada em pelo menos 71 hectares e permitiu que, no mesmo ano, fossem produzidas cerca de 3 mil toneladas de alimentos.

A região do Gama também possui expressividade no tipo de cultivo, com 52,66 hectares de área plantada no formato de sistema protegido e possibilitando a produção de 1,5 mil toneladas de alimentos. Algumas regiões do DF são mais adeptas à implantação da tecnologia do que outras. O engenheiro-agrônomo Claudinei Machado Vieira, da Emater-DF em Ceilândia, explica que o uso da técnica garante a proteção da cultura contra fatores externos como pragas, doenças, temperatura, umidade do ar, radiação solar, vento, entre outros que podem prejudicar o desenvolvimento da produção.

“O cultivo protegido controla o ambiente da produção agrícola e, consequentemente, garante maior competitividade e renda ao produtor rural. Por isso, essa tecnologia tem sido amplamente utilizada por diversas categorias de plantas, como flores, hortaliças, folhosas e frutas. Algumas culturas como flores e cultivo hidropônico, por exemplo, não dá para imaginar a produção sem ser pelo cultivo protegido; as duas coisas andam juntas”, informa o extensionista.

Ganho de produção

Paulo Tashiro herdou a tradição familiar de cultivar flores. O avô de Tashiro se instalou em Taguatinga na década de 1960, incentivado pela política do presidente Juscelino Kubistchek de atrair migrantes japoneses para o DF. Com essa dinâmica, JK quis formar um cinturão verde nos arredores da capital que pudesse garantir a segurança alimentar da zona urbana. Desde então, a família Tashiro se especializou no plantio de flores ornamentais.

Apesar do tempo na capital e de cultivo de flores, foi há cerca de 15 anos que o produtor aderiu à produção em ambiente protegido. A adoção do sistema representou um salto na sua produtividade. Hoje, possui 80 estufas onde cultiva lisianthus, girassóis e gipsófilas, dentre outras flores de decoração.

Como os custos de instalação dos equipamentos são elevados, Paulo Tashiro estudou várias tecnologias e construiu estufas usando lonas e madeiras. O ambiente protegido garantiu um significativo aumento e qualidade de produção. Por semana, o produtor chega a colher 1,6 mil maços só de lisianthus, que vende ao preço médio de R$ 28 a R$ 30, cada um. Esse resultado o coloca como o maior produtor de flores da região de Taguatinga.

“Minha maior produção aqui na fazenda é de lisianthus, muito usada em decoração. Não se pode falar em lisianthus sem cultivo protegido. Ela é muito sensível ao sol e à chuva. Valeu todo o investimento que eu fiz, que rapidamente se pagou. Como as estufas são caras, eu fui a São Paulo, estudei várias técnicas e acabei construindo as minhas estufas. Com elas eu produzo o ano inteiro”, conta Tashiro.

O produtor rural é atendido pelos técnicos do escritório da Emater-DF em Ceilândia. Com o aumento da produção, os extensionistas auxiliaram Toshiro com orientações sobre cultivo, comercialização, atendimento e logística de entrega.

Tecnologias

O cultivo protegido pode envolver a cobertura total ou parcial das plantações e englobam diversas práticas que aprimoram as tecnologias escolhidas. As estufas são as opções mais utilizadas na agricultura. A maior vantagem das estufas é que elas permitem o cultivo em qualquer época do ano, ainda que as espécies não sejam típicas da região.

São construídas com estruturas rígidas, normalmente de madeira, PVC ou ferro galvanizado e são cobertas por plástico, vidro ou outros materiais, como lona. É possível construir estufas simples, de baixo orçamento, ou com estruturas mais robustas, com equipamentos automatizados, como ventiladores, sistemas de irrigação e resfriadores de ar.

Existem também os túneis plásticos, que são estruturas muito semelhantes às estufas, mas em tamanhos reduzidos. A diferença é que eles são construídos mais próximos ao solo, o suficiente para cobrirem a vegetação ou permitirem a passagem de pessoas. Eles também são cobertos por filmes transparentes fixados em uma estrutura mais rígida. A grande vantagem dos túneis plásticos é a simplicidade da sua instalação, que não exige um grande conhecimento técnico especializado.

Há ainda a cobertura com mulching, material muito usado para o controle das propriedades do solo. Essa técnica consiste em distribuir uma cobertura seca na região próxima às raízes das plantas, promovendo a conservação da umidade, dos nutrientes e da temperatura, além de conter ervas daninhas, erosões e doenças típicas do solo. As coberturas costumam ser feitas com restos vegetais ou plásticos próprios para essa finalidade.

O mulching é um excelente aliado no uso consciente da água nos cultivos por diminuir as perdas por evaporação e, consequentemente, a demanda por irrigação, que é essencial no cultivo protegido. O uso da irrigação garante a hidratação das plantas, uma vez que o ambiente protegido impede o contato com água da chuva, como acontece a céu aberto.

Vantagens e desvantagens

Segundo o extensionista da Emater-DF Claudinei Vieira, as maiores vantagens da adoção do cultivo protegido são o aumento na produtividade, qualidade da produção, receita obtida da comercialização e redução significativa no uso de pesticidas, que gera menores custos de produção e garante produtos mais saudáveis.

“Outra grande vantagem do cultivo protegido é a possibilidade de produção o ano todo, permitindo que os agricultores aproveitem a sazonalidade do mercado e os preços mais altos. No entanto, o agricultor precisa dispor de um alto custo para a infraestrutura inicial e ainda falta mão de obra qualificada que saiba usar a técnica corretamente”, pontua.

Além do alto custo, como aspectos negativos, algumas pragas e patógenos, que são transmitidos pelo solo, são difíceis de gerenciar no cultivo protegido, que requer monitoramento rigoroso. O reparo e a manutenção também são apontados como desvantagens do uso de um ambiente controlado na agricultura.

*Com informações da Emater-DF

Fonte: Agência Brasília

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