O Distrito Federal registrou três ocorrências envolvendo policiais penais armados, fora do local de trabalho, em 15 dias. Os casos em que as armas foram apontadas para civis após discussões ocorreram entre 7 e 20 de fevereiro (veja detalhes abaixo).
Para o professor da Universidade de Brasília Wellington Caixeta, que estuda o sistema prisional, essas ocorrências chamam atenção para a formação dos agentes. “Cabe indagar se o treinamento que estão recebendo está sendo condizente com a realidade com a qual esses profissionais lidam aqui fora”, diz Caixeta.
A reportagem entrou em contato com o secretário de Administração Penitenciária para falar sobre a formação dos agentes, mas Wanderson Souza e Teles não quis se manifestar até a última atualização desta reportagem.
O Sindicato dos Policiais Penais do DF diz que há rigorosos testes de aptidão física e psicológica para atuar na carreira, com treinamento para manusear armas e lidar com situação de crise.
Além disso, a categoria afirma que os policiais penais recebem capacitação de forma continuada, por meio de cursos oferecidos pela Academia de Polícia Penal do DF.
O sindicato diz ainda que as imagens divulgadas, apesar de impactantes, mostram apenas parte do ocorrido e podem induzir a uma interpretação equivocada das situações.
Mudanças na profissão
Até 2019, os policiais penais eram chamados de agentes penitenciários. A partir desse ano, uma emenda à Constituição aprovada pela Congresso reestruturou a carreira.
Eles são treinados para agir dentro dos presídios, às vezes com bandidos de alta periculosidade. O porte de armas é permitido apenas para policiais penais submetidos ao regime de dedicação exclusiva.
O porte de armas é permitido apenas para policiais penais submetidos ao regime de dedicação exclusiva, mas um projeto aprovado na Câmara dos Deputados. quer liberar o porte sem distinção. O texto aguarda votação no Senado.
Veja últimos casos registrados:
- 7 de fevereiro
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/I/0/F8787ERMGeafcqyhFKqw/35047759620-7f58d4f2da-k.jpg)
Um policial penal é investigado pelo Ministério Público do DF (MPDFT) e pela Polícia Civil por suposta agressão contra um segurança do Hospital de Base. Segundo testemunhas, o funcionário do hospital foi agredido após o policial não se identificar “de forma clara”.
Em seu depoimento à polícia, o segurança disse que o policial penal apontou uma arma para a cabeça dele. Por outro lado, suspeito afirma que o segurança do hospital agiu de forma desrespeitosa e o ameaçou, colocando a mão no revólver durante a conversa.
No último dia 13, tanto a Seape como o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF) responderam que apuram os fatos.
8 de fevereiro
Uma mulher disse ter sido abordada de forma truculenta por um policial penal em um condomínio no Jardins Mangueiral, na região de São Sebastião. Segundo a mulher, o policial desconfiou que ela e o marido não moravam no local. A cena foi gravada por testemunhas (veja vídeo acima).
Nas imagens, é possível ver quando a mulher, de 30 anos, foi derrubada no chão, com força, pelo policial Rafael Pacelli Rodrigues. Em seguida, ela foi levada para a delegacia, onde foi indiciada por lesão corporal e injúria contra o policial e o marido dela foi indiciado por ameaça.
A defesa do policial penal alega que ele foi ofendido e agredido fisicamente pela vizinha. À época, a Seape declarou que informou que “apura os fatos e, caso fique comprovada qualquer conduta irregular do policial, ele será responsabilizado”.
- 20 de fevereiro
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/M/K/Xb5hUUSV6edt2tvTASyQ/design-sem-nome.jpg)
Uma policial penal apontar uma arma para um motociclista durante uma discussão de trânsito, na pista da plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto. A policial penal disse que foi fechada, xingada e ameaçada pelo motociclista. Ela afirma que, em seguida, os dois passaram por um bloqueio da Polícia Miltiar, onde foram abordados. A policial teria, então, participado da abordagem.
A versão do motociclista é de que, após ultrapassar a policial, ela começou a empurrá-lo com o carro contra o meio-fio. Ele afirmou à Polícia Civil que precisou frear a motocicleta e passou a seguir a mulher na tentativa de filmar a placa do carro. Ao ver que ela estava armada, ele teria seguido até o bloqueio da PM.
O caso é investigado pela Polícia Civil como injúria e ameaça. Ninguém foi preso.
Fonte: G1