Hoje, nossa coluna é uma carta aberta direcionada a todas as mulheres que querem se olhar com mais carinho.
Eu amo o jeito que lutamos por tudo o que temos e por coisas que ainda queremos ter. Eu amo nossa história, eu amo ver nosso crescimento e amo não ver limites para continuarmos ganhando espaço no mundo. Nosso poder é global e imparável. Isso já é real.
Mas, cá para nós, eu sei que você vai leu muito sobre isso no dia internacional da mulher, e às vezes eu fico até cansada como todo mundo quer nos fazer feliz nos lembrando o quanto crescemos e os tamanhos dos nossos espaços. E tudo bem, isso é ótimo!
Mas, o nosso objetivo agora é refletirmos sobre coisas que acabamos perdendo nessa caminhada rumo a nossa tão sonhada evolução na sociedade.
Eu vejo muitas de nós nos fragmentando nesse processo, inclusive eu.
Deixa eu te contar o que aconteceu….
O tema da coluna já estava pronto e ela estava entre uma das tarefas que eu tinha no dia para concluir. Em uma determinada hora do dia, eu sentei e olhei a quantidade de tarefas que eu ainda tinha que fazer e comecei a me sentir um fracasso por ter tantas coisas pendentes. E não parou por aí.
Até então eram as tarefas, depois meu pensamento foi até as metas não realizadas, pelos sonhos não alcançados e por decisões não tomadas. E eu, simplesmente, desabei. Me senti inútil e incompetente.
Passei o caminho de volta para casa pensando em cada um desses pensamentos que me fizeram invalidar tudo o que venho tentando fazer, e me perguntei, por que estamos pegando tão pesado com nós mesmas nesse processo? Por que mesmo com o espaço que tanto queríamos, estamos cada vez mais com problemas emocionais?
Segundo o Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento para a infância e adolescência, uma matéria em 2021 afirmou que as mulheres têm 40% a mais de chance de desenvolverem problemas emocionais, 75% para sofrerem com depressão e 60% maior para ansiedade, tudo isso por que elas pegam para si os problemas e transformam em um fator de alta vulnerabilidade, o que abala potencialmente o seu emocional.
Será que ainda dá para comemorar o dia da mulher com essa estatística?
Claro que sim, mas me preocupa não olharmos para o que estamos sacrificando para termos esse espaço.
E pensando sobre isso, parei para analisar possíveis sacrifícios que andamos fazendo em busca desse espaço:
1º – A nossa saúde não é mais prioridade. A de todas são, mesmo a nossa pessoal, sem contar que tudo é prioridade, menos nós mesmas.
2º – O nosso emocional cada dia mais silenciado. As nossas emoções viraram um vilão para o nosso crescimento pessoal, por que passamos a vê-la como algo que expõe nossas fragilidades, e de forma alguma, não queremos passar essa impressão.
3º – Nossa alimentação compete lugar entre as linhas do planejamento do dia. Pular uma refeição não é mais vista como um risco, mas como algo que teve que ser feito para que ganhássemos mais tempo na próxima tarefa.
4º – O amor virou uma guerra de interesses e um ringue de competição. Quem ganha mais, quem é o mais bonito, quem é o mais importante ou quem leva mais responsabilidade em casa.
5º – Perdemos a habilidade de sermos boas amigas. Fazemos relacionamento baseado em interesses, trocas e vantagens.
6º – Não temos tempo para nós mesmas, às vezes, até morrendo de medo só de imaginar uma vida solo, nos sujeitando a qualquer tipo de relacionamento tóxico só para dizer que tem alguém ao lado.
Bem, os pontos foram levantados e fica a reflexão. Do que a gente se esqueceu?