O dólar se fortaleceu contra a maior parte das divisas neste primeiro pregão de outubro, e com o real não foi diferente, visto que o mercado adotou uma postura mais defensiva após ataque a mísseis do Irã a Israel na tarde desta terça, 1º, e ainda reverberando a possibilidade de uma flexibilização monetária mais comedida pelo Federal Reserve (Fed). O real, contudo, teve performance melhor do que algumas divisas fortes, a exemplo de moedas europeias, por conta da valorização de mais de 2% do petróleo, considerando que o Brasil é exportador da commodity.
O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de pares fortes, fechou em alta de 0,41%, a 101,194 pontos Já o dólar à vista subiu 0,31% contra o real, a R$ 5,4641, após pregão com volatilidade, em que a moeda chegou a R$ 5,4787 na máxima e a R$ 5,4307 na mínima, ambas pela manhã.
“O ataque do Irã contra Israel causou um aumento de incerteza entre os investidores, que buscaram ativos mais seguros como o dólar”, avalia Elson Gusmão, diretor de câmbio da corretora Ourominas.
O acirramento das tensões no Oriente Médio – região crucial para a produção e oferta global do petróleo – também movimentou os contratos futuros do Brent e WTI, que fecharem em alta superior a 2%. O desempenho da commodity fez com que o real brasileiro “até se comportasse bem”, segundo Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Pine.
“Temos rublo, shekel israelense e até mesmo moedas europeias que perderam mais hoje do que o real. E aí quem está ganhando, ou no zero a zero, são principalmente moedas que se beneficiam do aumento de preços de commodities, como é o caso do real”, afirma Oliveira. Ele frisa que o Brasil tem a nuance de que a alta do barril do petróleo é positiva para a moeda, porque o País é exportador líquido de petróleo.
Gusmão, da Ourominas, avalia que o real operou em uma “linha tênue” entre alguns investidores – entrando para comprar real por conta do petróleo mais caro – e outros querendo se proteger no cenário de guerra e comprando dólares. Petrobras, exportadora de petróleo, por exemplo, viu suas ações subirem 2,67%, tanto na ON como na PN.
Já moedas da zona do euro, por exemplo, tiveram desempenho inferior ao real pela permanência da atividade industrial europeia na zona de contração. Além disso, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, adotou um discurso mais dovish ao dizer que os dirigentes do BCE não vão esperar que a inflação retorne à meta de 2% para seguir com novos cortes das taxas de juros.
Também ecoaram as perspectivas de corte mais conservador de juros pelo Fed nas próximas duas reuniões monetárias deste ano, em um contexto em que o diferencial de juros entre as economias é um dos fatores de atenção para quem opera no câmbio.
Fonte: Estadão Conteúdo