O governo brasileiro assumiu em nota oficial ter “afinidade de visões de mundo” com a Hungria, um país que vive processo de guinada autoritária acompanhado por estudiosos e líderes internacionais. Em documento enviado a jornalistas pela equipe que acompanha o presidente Jair Bolsonaro na visita oficial a Budapeste, o Ministério das Relações Exteriores fala em aproximação com a Hungria, comandada pelo líder de extrema-direita Viktor Orbán.
“A aproximação com a Hungria, país com o qual o Brasil mantém afinidade de visões de mundo, tem propiciado convergências na relação bilateral e em posicionamentos no plano internacional, com base em valores comuns e na cooperação em diversas áreas”, diz o texto.
Bolsonaro e Orbán se encontram nesta quinta-feira em Budapeste, capital da Hungria. Ele chegou hoje ao país após encerrar a visita oficial a Moscou, onde se reuniu com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Considerado um líder nacionalista de extrema-direita, Orbán é um dos símbolos da chamada “democracia iliberal”, termo cunhado para designar guinadas autoritárias por meio do voto.
Em 2019, ele compareceu à posse de Bolsonaro e recebeu visita oficial do deputado federal Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP), filho “Zero Três” do presidente, quando o parlamentar chefiava a Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
O premiê chegou ao poder em 2010 e, desde então, promove uma escalada autoritária no país, com enfrentamentos ao sistema judiciário e perseguições à oposição e a minorias, como a comunidade LGBTQIAP+ e imigrantes.
Como mostrou reportagem do Estadão/Broadcast, a visita oficial de Bolsonaro à Hungria é vista no meio diplomático como um aceno ideológico à base mais radicalizada do presidente, que neste ano pretende concorrer à reeleição.
A balança comercial brasileira com a Hungria é modesta e deficitária: bateu – US$ 394,7 milhões em 2021, sendo US$ 456,5 milhões em importações e US$ 61,8 milhões em exportações.
Fonte: Estadão Conteúdo