Nos dias de hoje, tem-se observado, felizmente, uma enorme campanha de conscientização coletiva – que incentiva a população a ter alguns cuidados pessoais. O zelo pelo perfeito andamento da saúde física/ estética lidera o ranking desse tipo de estímulo “do bem”. Após os duros anos de pandemia, nunca se falou tanto (como agora) em agir pelo bem da saúde mental. Convenhamos que isso algo fenomenal!
Ao lado desses cuidados físicos e psicológicos, cuidados com o perfeito alinhamento da arcada dentária e com a forma de se vestir, o cuidado com o bom uso da Língua tem começado a se revelar como uma espécie de “necessidade comum”, atualmente.
Como professor de Português, recebo diariamente centenas de dúvidas de alunos oriundos de todo o território nacional, e isso é um excelente sinal. Além de alunos que querem passar em provas, tenho contato com pessoas que se preocupam em ‘como transmitir, de forma mais coerente, uma informação’. Certamente são membros ativos do mercado de trabalho, em busca de qualificação linguística.
A Gramática Normativa do Português é muito mais do que um conjunto obsoleto de regras que devem ser decoradas e aplicadas de acordo com o que está no nosso inconsciente escolar. O acesso ao português-padrão é um dos nossos maiores instrumentos de ascensão social, visto que o segmento da população que tem contato com o mundo letrado tem muito mais chances de chegar a uma vida de prosperidades acadêmicas e profissionais, no âmbito escrito ou no âmbito falado.
É preciso definitivamente reconhecer que quem não conhece a forma considerada “culta” (ou padrão) de estabelecer a comunicação – ou que passa a vida sem ter contato com livros – tende a uma rotina cíclica de insucessos, no contexto competitivo e capitalista em que vivemos. No entanto, o ‘bom Português’ não deve ser visto como caminho rumo ao preconceito, não se deve confundir desconhecimento de regras gramaticais com ignorância. Devido a diversos fatores sociais e econômicos, uma grande parcela da população simplesmente não tem acesso a incursões rotineiras ao universo textual. O ideal seria que o acesso à Gramática Normativa do Português fosse – de fato – democratizado e acessível, em vez de se demonizar a Norma.
A Língua Portuguesa não faz parte da nossa vida apenas durante uma aula “chata” de Português. É por meio da linguagem que nos apresentamos ao mundo. É por meio dela que abrimos ou fechamos portas no universo corporativo, social ou acadêmico. É por meio dela que nos comunicamos.
Repudiando qualquer preconceito linguístico, conscientizando sobre as variantes, orientando sobre o respeito às regras e às situações e ensinando a todos que o uso adequado da Língua Portuguesa deve ser alvo de atenção (sobretudo em situações formais), deve-se tratar o ‘bom Português’ com o mesmo cuidado que se tem com a roupa que se usa em diferentes situações, ou com a forma física, dentária ou facial, ou com a saúde mental e corporal.
Por menos culto à harmonização facial e por mais incentivo à harmonização cultural do estudo do Português; afinal, a Língua Portuguesa e a comunicação estão em tudo!
Prof. Fabrício Dutra