Após 24 dias em ação, a intervenção federal na área de Segurança Pública do Distrito Federal se encerra nesta terça-feira (31). O coordenador das atividades, Ricardo Cappelli, agradeceu pelo incentivo da equipe enquanto trabalhava para restabelecer a ordem pública na região. A intervenção foi decretada no dia 8 de janeiro quando os prédios dos Três Poderes foram alvos de vandalismo em Brasília.
“Foram dias duros. Tive que tomar decisões importantes no calor dos acontecimentos. Fiz o meu melhor, espero ter acertado. Retorno ao MJSP [Ministério da Justiça e Segurança Pública] com o sentimento de dever cumprido”, declarou Cappelli em seu Twitter. A partir de agora o secretário indicado pela governadora Celina Leão (PP), Sandro Avelar, assume inteiramente a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF).
Sandro foi anunciado para a pasta no último dia 25 de janeiro. Com o fim da intervenção, o secretário retoma a gestão dos órgãos de segurança do DF que, antes, estavam sob monitoramento de Cappelli. Os levantamentos finais da intervenção apontaram que houve negligência e falta de um plano de ação perante os ataques que ocorreram no dia 8 de janeiro
“Não houve a elaboração prévia de Planejamento Operacional nem Ordem de Serviço emitido pelo Departamento Operacional da PMDF em relação aos fatos do dia 08/01/2023”, evidencia o relatório que analisou o ataque. A intervenção termina com seis inquéritos instaurados para apurar as condutas de policiais militares no momento da invasão. São as seguintes investigações:
- A conduta dos policiais militares que estavam conversando e tirando fotos durante a invasão;
- O envolvimentos dos ex-comandantes das forças nacionais e armadas;
- O envolvimento de policiais no financiamento do QG;
- A conduta de um policial ao derrubar um vândalo no Supremo Tribunal Federal (STF);
- A conduta dos policiais militares no qual recuaram facilitando o acesso de manifestantes ao STF;
- A conduta dos policiais do choque.
Em relação ao governador afastado, Ibaneis Rocha (MDB), faltam dois meses e uma semana para que o prazo de distanciamento também termine. A decisão de mantê-lo por 90 dias afastado foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o ministro do Poder Judiciário, Alexandre de Moraes, Ibaneis teria sido “dolosamente omissivo” com o atentado anti-democrático. “O afastamento do exercício do cargo se trata, portanto, de medida razoável, adequada e proporcional para garantia da ordem pública com a cessação da prática criminosa reiterada”, ressaltou Alexandre.
A Atividade News procurou um dos advogados de Ibaneis, Cleber Lopes, para saber mais sobre a situação do governador afastado e as expectativas de seu retorno depois da intervenção. No entanto, Cleber explicou que não pretende se pronunciar enquanto o inquérito contra Ibaneis não for concluído. No dia 20 de janeiro, os imóveis de Ibaneis foram alvos de buscas pela Polícia Federal (PF).
Na época, o governador reforçou sua versão dos fatos. “A operação realizada em minha casa, no meu gabinete e até no escritório do qual estou licenciado há mais de quatro anos vai mostrar minha completa inocência em relação aos lamentáveis fatos do último dia 8 de janeiro. Não há nada que possa me ligar aos golpistas que atacaram os três Poderes”, complementou Ibaneis. Por hora, o prazo de afastamento permanece o mesmo e o Governo do Distrito Federal (GDF) segue com Celina Leão (PP) em exercício.