Uma idosa de 81 anos descobriu que carregava um “bebê de pedra” por mais de cinco décadas. Ela deu entrada no hospital com um quadro de infecção grave e a equipe médica descobriu o feto calcificado. A mulher morreu em decorrência de uma infecção generalizada, que ocorreu a partir de uma infecção urinária.
A condição extremamente rara é chamada de litopedia e é consequência de uma gravidez ectópica (gestação em que o óvulo fertilizado é implantado fora do útero) que evolui para morte fetal e calcificação.
“Quando ocorre a gravidez, ela deve estar dentro do útero, mas em alguma situações a gravidez pode ocorrer fora. Aquele bebê não deu clínica, a paciente não teve uma dor aguda e não teve um grande sangramento e esse diagnóstico passa desapercebido e o tempo vai se encarregar daquele corpo estranho que ficou dentro do abdômen da mulher”, explica o ginecologista João Bosco Borges.
O sistema imunológico da mãe eventualmente reconhece o feto como um corpo estranho e o cobre com uma substância calcificada para protegê-lo de infecções.
Esse “bebê de pedra” pode não ser detectado por décadas e pode causar complicações futuras. Por isso, um diagnóstico adequado é essencial para prevenir esse tipo de complicação.
Borges diz que esse tipo de complicação é mais frequente em países de terceiro mundo, sinalizando falta de diagnóstico na fase aguda. “Isso mostra que em algum momento essa mulher teve um quadro doloroso, mas faltou o diagnóstico de que ela tinha uma gravidez abdominal ou ectópica que se rompeu e aquele bebê caiu no abdômen“, completa o ginecologista, que também é mastologista pela Sociedade Brasileira de Mastologia.
Segundo os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, a maioria das pacientes é assintomática e o diagnóstico geralmente é feito incidentalmente em exames de imagem.
Dor abdominal, constipação crônica, obstrução intestinal, formação de fístula e abscesso pélvico estão entre os efeitos colaterais que podem ocorrer.
Fonte: G1