O campeonato brasileiro de 2022 chega na sua décima segunda rodada com um Palmeiras mostrando porque merece a liderança, com bom futebol e dedicação defensiva como pilar de um ótimo ataque. Mesmo quando iniciam tomando gol, os jogadores palmeirenses não perdem o foco, mantém o posicionamento, sabendo que tal disciplina fatalmente resultará em gols favoráveis e viradas.
Ponto especial para o técnico Abel Ferreira, que, não à toa é o bicampeão da Copa Libertadores da América, e que vem entendendo brilhantemente como a regularidade é essencial para campeonatos de pontos corridos.
Mas, feita a aclamação ao futebol do favorito ao título brasileiro, vem a dúvida sobre o que tem acontecido com os outros dois times tidos como favoritos no início do campeonato: Atlético-MG e Flamengo.
Campeão de 2019 e 2020, o Flamengo vem longe de apresentar algo próximo ao seu futebol campeão, especialmente aquele de 2019 e que faz a torcida implorar pelo técnico português Jorge Jesus semana sim, outra semana também. Muito se diz sobre o envelhecimento do elenco, sobre a saída de peças essenciais, mas pouco se fala sobre o que diferenciava o treinamento do técnico campeão de 2019, bem como da própria gestão do futebol à época. Além de contar com uma comissão técnica trazida de fora, em vários lances de 2019 era visível que o Flamengo tinha repertório de jogadas ensaiadas, de movimentação muito treinada com vistas a criação de espaços e jogadas em transição. E mais, contava com a liderança de um jogador diferenciado, como o lateral direito Rafinha, que depois acabou saindo do time.
Já o Atlético-MG, que encantou em 2021, começou 2022 já obrigado a se reconstruir com o abandono do clube pelo excelente técnico Cuca, que, infelizmente, vem mantendo esse histórico de não lutar pela continuidade dos seus trabalhos. Seria compreensível a justificativa da expectativa de ter oportunidade na seleção brasileira, mas com um ano inteiro pela frente, distante ainda da saída do técnico Tite da seleção, o abandono do trabalho pelo técnico Cuca mostra certo egoísmo ou falta de confiança na própria capacidade de manter um time campeão motivado e disciplinado. Aliás, até nisso, é ponto para o técnico Abel Ferreira, bicampeão continental, cada vez mais motivado, e, por isso, provável favorito a substituir Tite na seleção, portanto.
O Atlético-MG, dos três apontados como favoritos, é o mais distante na busca pela repetição do bom futebol dos anos anteriores, já que abriu mão (vendas de jogadores abaixo do valor de avaliação, especialmente da torcida avalia) de jogadores importantes e a mudança de técnico que trouxe uma nova filosofia de jogo, que simplesmente não encaixa. Os jogos do Galo mineiro mostram um time espalhado em campo, com jogadores importantes atuando escondidos nas laterais ou pontas, onde há pouco espaço para criação, e pouca compactação no meio campo e defesa exposta. Há nítida incompatibilidade entre elenco e as ideias do técnico, resta saber como a diretoria mineira vai resolver a queda do time, para dar ao monstro Hulk uma chance de ir à Copa do Mundo.
Por Ivan Prado