Pago ou não pago esta conta?

Sobre a repercussão do comentário de Caio Castro

Mais um assunto polêmico para a nossa coluna, o que significa que temos mais uma oportunidade de termos uma discussão rica sobre pontos de vista diferentes. Não é sobre apontar quem está certo ou errado, mas é sobre contribuir sobre seu jeito de olhar para algumas questões dentro da nossa sociedade.
Sua maturidade para uma leitura de opinião está online? Então, vamos juntas!
Em uma participação em um podcast, o ator Caio Castro deu uma declaração sobre quem deve pagar a conta do jantar no primeiro encontro:
“Qual a diferença de pagar a conta e ter que pagar a conta? Me incomoda muito essa sensação de ter que sustentar, ter que pagar… Eu não tenho que fazer p*rra nenhuma”, disse ele na entrevista…”Faço questão de te chamar para jantar, vou ao banheiro, já pago a conta… Não chega nem conta, já está resolvido… Agora, pediu a conta e não se mexeu e não perguntou nunca, como se eu tivesse esse papel? Você não é minha filha”, disse ele.
É claro que depois desse comentário, a internet resolveu se posicionar causando muitas divisões de opinião. De celebridades a internautas, contra e a favor do comentário do ator sobre dividir contas em encontros.
Uns dizendo que é sim obrigação do homem pagar ao menos a conta do jantar, que isso é sinônimo de cavalheirismo, e outros defendendo que não há nenhuma obrigação, sendo justo a divisão da conta no primeiro e todos os encontros.
Antes de começar, quero compartilhar minha opinião pessoal e a forma como vejo hoje esse assunto.
Há algum tempo atrás, que não tem muito tempo assim, eu seria uma dessas mulheres que falaria que o homem era SIM obrigado a pagar as maiores contas, principalmente de encontros, já que o interesse maior era sempre do homem, até porque, quem quer nos levar pra cama não é mesmo? Ora, se eu me preparei para ele, havia uma “troca clara” de interesses que poderia ser recompensada com, no mínimo, uma conta bancária, principalmente, se tratando do primeiro encontro. Para mim, isso era óbvio.
Eu pensava que pelo fato de me arrumar e de ter gastos elevados, desde comprar uma roupa, lingerie, fazer o cabelo e as unhas, ele deveria ter o bom senso de custear esse encontro e pensar em todo o “trabalho” que eu tive para vê-lo.
Foi então que eu me deparei que estava perpetuando uma grande asneira e pior, passando a mão na cabeça do “machismo”.
Nossa, mas como assim? É sobre isso e vou te explicar agora mesmo.
Imagina a cena!
Você se prepara por inteira, te deixa praticamente irresistível. Você fez o cabelo, comprou uma lingerie, uma peça de roupa nova, fez as unhas, deixou a depilação em dia, enfim, tudo perfeito para uma noite perfeita.
Então você, que se diz uma mulher independente, maravilhosa, bem cuidada e autônoma em relação à vida em si, chega nesse encontro aguardando que o companheiro em questão, no mínimo, pague a sua parte da conta.
Sabe o que isso significa? Que essa mulher que você diz ser independente e autônoma, acabou de se tratar como um objeto. Se colocou exatamente na mesma posição que os homens machistas nos adoram ver, como um objeto de apreciação e desejo, no qual ele pode levar pra casa e degustar, até porque, ele quem pagou a conta, não é mesmo?
Quartel, vou falar uma coisa para vocês. Se você se produz e se deixa incrível é para você mesma! É por que você se ama e gosta de se ver e estar bem. Se você faz tudo isso para o outro, nesse caso para um homem, você não tem um pingo de amor próprio. Você tem se invalidado, de forma inconsciente, colocando os interesses de uma outra pessoa na frente dos seus.
Se você investe em qualquer coisa para um primeiro encontro, você deveria pensar que todo esse investimento é para si mesma. Você é seu melhor investimento! O melhor motivo da sua felicidade todos os dias. Se você diz que tudo o que você faz para um primeiro encontro precisa ser pago pelo outro, que valor você tem? Isso é comprável?
Esse “pagar a conta” pode te custar muito caro depois, viu?
É por isso, que eu prefiro mil vezes pagar a minha conta, do que uma outra pessoa achar que pode me comprar ou me tratar como um objeto logo após isso. Esse poder você não pode dar para absolutamente ninguém.
Nós não somos moedas de troca! Nós não somos objetos, e dependendo de quem esteja com você, você pode ser vista exatamente dessa maneira.
Dessa forma, não ache um absurdo quando caras como Caio Castro ou outros homens não gostarem de ter que pagar uma conta. Eles têm razão! É uma equidade!
Algo que eu achei bem desnecessário em algumas falas de pessoas importantes foi disseminar um discurso que só porque as estatísticas mostram que as mulheres ganham 20% a menos que os homens, isso por si já justifica a obrigatoriedade deles terem que pagar nossas contas.
É um dado verídico? Sim, com certeza! Mas esse é um tipo de briga que a gente luta em outros palcos e não na mesa do restaurante.
Estou falando pra você não aceitar uma conta paga? Claro que não!
Deixar os homens exercerem um cavalheirismo espontâneo também é super saudável, bem típico da energia Yang (masculina). Lembram do nosso papo da semana passada, certo?
Talvez, seja uma forma dele entender que pode ser mais educado.
Também pode ser um jeito obscuro de dizer que você está em dívida com ele? Sim, pode! Mas use sua intuição feminina para ler as intenções do outro. Nós mulheres somos excelentes nisso.
Nada é generalizado. Seja inteligente nas suas leituras e escolhas.
Então, sim, concordo com a fala “eu não tenho que pagar por obrigação”. Concordo que um homem que me leva pra um jantar não é meu pai. Concordo mesmo com isso!
Ele poderia ter falado de outro jeito? De forma mais leve ou mais inteligente? Com certeza! Mas ele deu o seu melhor naquela entrevista. Apesar de certo, o discurso não me soou agradável. Mas a pauta aqui não é essa, certo?
Que sejamos mulheres cada dia mais independentes e autônomas para não precisar que alguém nos leve para jantar só para não ter que pagá-lo, fazer boas escolhas de parceiros e investirmos mais em nós mesmas pelo simples fato de nos amarmos.
Inclusive, eu mesma posso me levar para jantar em qualquer lugar! O resto, sempre será lucro!
Pense nisso!

Hisis Hortênia (QG Mulher)

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