Na manhã desta quarta-feira (30), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpre 13 mandados judiciais, sendo 4 prisões temporárias, 4 buscas e apreensão e 5 bloqueios de contas bancárias em Sobradinho, Taguatinga, Lago Norte e Goiânia. A operação tem o objetivo de desarticular uma associação criminosa especializada na subtração de veículos 0KM de concessionárias do DF.
O esquema se concretizava a partir de falsos financiamentos em nome das vítimas que acabavam com seus nomes negativados no SPC e Serasa, bem como eram cobradas judicialmente a pagar as dívidas.
O grupo criminoso era articulado em diversas frentes. Primeiramente, um dos bandidos obtinha cópias dos documentos e assinaturas de vítimas para serem usados nos golpes. Para conseguir esses documentos, usavam uma isca. Um dos criminosos se passava por correspondente bancário e ofertava propostas de empréstimos em condições irrecusáveis.
Após obter os documentos e assinaturas das vítimas, o criminoso bloqueava o contato no WhatsApp e sumia sem efetivamente concretizar a proposta. Esses documentos eram repassados para outro criminoso que falsificava, em Goiânia, procurações, outorgando poderes para contratação e retirada de veículos nas concessionárias. Com essa procuração e com a ajuda de vendedores da própria loja, os criminosos conseguiam financiamento de um veículo novo em nome da vítima e, após pagar uma pequena parcela de entrada, retiravam o carro e desapareciam.
A financeira, então, passava a cobrar a dívida da vítima que sequer sabia do financiamento. Com essa dinâmica, a investigação conseguiu detectar pelo menos cinco veículos zero quilômetro envolvidos no esquema.
“A investigação também detectou que a negligência das próprias concessionárias tem estimulado esse tipo de dinâmica delitiva. Os precários sistemas de conferência de documentos, frouxidão no procedimento de contratação e a cegueira deliberada para bater metas facilitam a atuação dos estelionatários. Depois da imprudência na contratação e do desaparecimento do carro, as financeiras buscam a Polícia para tentar recuperá-lo. Orientamos o setor jurídico das concessionárias a aprimorar seus protocolos internos”, explicou o delegado Erick Sallum.
Para finalizar o golpe e obter o lucro, os criminosos vendiam o carro a terceiros. Para concretizar essa venda e transferir o veículo, um dos criminosos usava o serviço de um cartório de Minas Gerais que emite procurações por videoconferência. Assim, um dos criminosos se passava pela vítima em nome de quem o financiamento estava feito.
Os bandidos cortavam o cabelo, colocavam óculos e se maquiavam para se apresentar na videoconferência como se fosse a vítima. Com esse teatro, tentavam ludibriar também o serviço notarial na tentativa de conseguir transferir a posse do veículo via outra procuração.
“A PCDF alerta a população. Evite o fornecimento de documentos e dados pessoais a terceiros em conversas de WhatsApp. Esses documentos poderão ser usados para todo tipo de golpe. Uma vez que esses dados e documentos caiam na posse dos estelionatários, as dores de cabeça para tentar limpar o nome serão grandes. A melhor defesa é a prevenção”, fala o delegado Sallum.