Polícia investiga grupos envolvidos em grilagem de terras em São Sebastião

Um dos investigados é um ex-administrador da cidade

A Polícia Civil do DF (PCDF) deflagrou, na manhã desta terça-feira (19), a Operação Non Domino. Ação investiga três organizações criminosas supostamente envolvidas em grilagem de terras em São Sebastião. A ação contou com o apoio de equipes do Departamento de Combate à Corrupção do Decor/PCDF e das Divisões de Operações Aéreas (DOA) e Operações Especiais (DOE).

Os policiais cumprem, desde as primeiras horas de hoje, 43 mandados judiciais, dentre prisões preventivas, buscas domiciliares, buscas em empresas, em escritórios de advocacia e mandados de monitoramento eletrônico em desfavor de empresários, agiotas, advogados e agentes Públicos, inclusive um ex- administrador Regional de São Sebastião.

De acordo com as investigações, duas, das três organizações criminosas identificadas, são lideradas por empresários e agiotas que, há décadas, se dedicam à invasão e ao parcelamento clandestino do solo urbano na região. Eles teriam lucros milionários com o esquema. Para ocultar os bens adquiridos com a prática, teriam praticado também lavagem de dinheiro.

“Para camuflar a origem criminosa de vultosas quantias ilícitas, os suspeitos utilizavam-se, principalmente de laranjas, inclusive, de um cobrador de ônibus de uma empresa local, que recebeu, em suas contas, milhões de reais nos últimos anos, além de empresas que nunca saíram do papel— popularmente conhecidas como fantasmas—, por onde esconderam cifras milionárias entre 2017 e 2021”, ressalta o delegado-chefe adjunto da 30a DP, Ulysses Luz.

Os envolvidos teriam montado agências de veículos, academias e lojas de materiais de construção. “Após parcelar as terras, o grupo criminoso vendia, por meio de contratos de cessão de direito, normalmente com firma reconhecida, os terrenos irregulares”, explica a autoridade policial. Ainda, segundo o delegado, tamanha era a audácia dos envolvidos, que eles criaram um falso cartório, em São Sebastião, para reconhecer firmas e autenticar documentos como se fosse um cartório verdadeiro. As apurações demonstraram que os líderes do esquema recebiam apoio de agentes públicos, os quais, ao invés de cuidarem do interesse público, perverteram os valores que deveriam ser protegidos, afirma o delegado da 30a DP, Ulysses Luz .

Os investigados irão responder pelos crimes de integrar organização criminosa, lavagem de dinheiro, parcelamento irregular do solo urbano e crimes ambientais. As investigações prosseguem com o objetivo de identificar novos envolvidos.

“Não se pode perder de vista os graves danos e reflexos oriundos dessas atividades criminosas. A grilagem causa o assoreamento e a contaminação de lagos e rios, levando ao aumento da impermeabilização do solo, facilitando enxurradas, enchentes e contribuindo para a crise hídrica, conforme ocorrido recentemente no DF”, finaliza o delegado-chefe adjunto da 30a DP.

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