No Brasil, 16.025 pessoas cometeram suicídio no ano passado, segundo os dados mais recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
➡️ Em todo o mundo, mais de 700 mil pessoas tiram a vida por ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Ao g1, mães que perderam filhas adolescentes contaram como a escuta e apoio de quem havia passado pela mesma situação foram fundamentais para seguir em frente. Da mesma forma, disseram que a escuta é uma ferramenta essencial para quem que está em sofrimento emocional a ponto de estar em risco de tirar a própria vida.
Veja abaixo os sinais mais comuns de quem está em risco de suicídio, como ajudar e onde buscar ajuda:
Sinais de alerta
“Os sinais são muito heterogêneos, existem pessoas que não vão mostrar absolutamente nenhuma diferença, e existem pessoas que vão sim mostrar”, destaca o psiquiatra Rodolfo Damiano, do Departamento e Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
No entanto, segundo o especialista, na maioria dos casos as pessoas falam antes sobre pensamentos de morte.
“Não é verdade que as pessoas que falam não fazem”, destaca o psiquiatra.
No caso dos adolescentes, os sinais podem ser ainda mais difíceis de perceber porque podem se confundir com questões típicas da própria adolescência, ressalta a psicóloga Karen Scavacini, especialista em suicidologia e cofundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio.
Ainda assim, os especialistas destacam comportamentos que podem chamar atenção:
- Mudança brusca de comportamento;
- Falar, postar ou buscar conteúdos relacionados a suicídio;
- Isolamento: família, amigos, eventos sociais;
- Perda de energia;
- Irritabilidade;
- Descuido com a higiene pessoal;
- Perda de prazer em atividades que antes a pessoa gostava.
Assim como o aumento de comportamentos impulsivos:
- Aumento do uso de álcool e drogas;
- Direção imprudente;
- Colocar-se em situações de risco;
- Deixar de tomar medicamentos necessários.
Como ajudar?
Além de conhecer os possíveis sinais de que a pessoa está passando por sofrimento emocional, é preciso saber o que fazer com essa informação.
“Não adianta virar para o jovem e falar, ‘você está de mimimi, te dou tanta coisa, você está precisando de uma pia de louça'”, disse a psicóloga Scavacini.
👂🏼 Segundo a especialista, a palavra-chave é escuta. “É uma conversa para muito mais para ouvir do que dar conselho ou solução. Uma conversa de acolhimento para tentar descobrir o que está causando aquele sofrimento, e, para a partir daí, incluir outras pessoas nesses cuidados – pode ser rede de apoio, amigos, ou profissional da área da saúde mental”, disse Scavacini.
O Ministério da Saúde também tem orientações de como ajudar pessoas em risco de suicídio:
- Encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a com a mente aberta e ofereça seu apoio.
- Incentive a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público. Ofereça-se para acompanhá-la a um atendimento.
- Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha. Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entre em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa.
- Se a pessoa com quem você está preocupado vive com você, assegure-se de que ela não tenha acesso a meios para provocar a própria morte (por exemplo, pesticidas, armas de fogo ou medicamentos) em casa.
- Fique em contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo.
Como buscar ajuda
Para quem precisa de apoio emocional, além de acionar a rede de apoio, o acolhimento inicial pode ser feito através do número 188, o número do Centro de Valorização da Vida (CVV), que é válido em todo território nacional e é gratuito.
Além disso, o site Mapa da Saúde Mental pode ser utilizado para encontrar um serviço mais próximo, trazendo informações sobre acolhimentos gratuitos ou de baixo custo.
O Sistema Único de Saúde (SUS) promove a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) através dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que fazem o acolhimento para quem precisar sem necessidade de agendamento.
Os serviços de atenção básica, conhecidos como postinhos de saúde, também podem realizar consultas com enfermeiras, promovendo um acolhimento inicial no momento de sofrimento.
Há ainda instituições sem fins lucrativos que oferecem apoio e informação:
- Centro de Valorização da Vida
- Associação Brasileira dos sobreviventes Enlutados por Suicídio
- Instituto Vita Alere
- Rede Pode Falar (para jovens de 13 a 24 anos)
- Instituto Bia Dote
Fonte: G1