Os tunisianos votam em uma eleição parlamentar boicotada pela maioria dos partidos neste sábado (17), em mais um passo para a construção de um sistema hiperpresidencialista sob Kais Saied, que deu um golpe há um ano e meio.
A nova câmara de 161 deputados substituirá a congelada por Saied em 25 de julho de 2021, mas terá restrições após a adoção de uma nova Constituição em um referendo marcado por abstenção massiva.
Os deputados não poderão destituir o presidente e será praticamente impossível para eles censurar o governo. Além disso, o chefe de Estado terá prioridade na aprovação de suas leis.
A maioria dos partidos boicotou essas eleições, incluindo o movimento Ennahdha, de inspiração islâmica, inimigo jurado do presidente, que dominava o Parlamento dissolvido.
Isso resultou em uma campanha fria, com poucos cartazes ou debates sérios e pouco interesse da população, preocupada com a deterioração de suas condições de vida.
“A votação é uma formalidade para acabar com o sistema político imposto por Kais Saied e concentrar o poder em suas mãos”, disse à AFP o cientista político Hamza Meddeb.
“Os tunisianos sabem que o Parlamento não terá poder político”, acrescentou, prevendo uma participação “muito fraca”.
Os 12 milhões de habitantes do país do norte da África estão muito mais preocupados com o aumento do custo de vida, com uma inflação de quase 10% e a recorrente escassez de alimentos, como leite e açúcar.