A Libertadores é brasileira

7 de julho de 2022 572 visualizações
Postado 2022/07/21 at 8:57 AM
Foto: Twitter/CONMEBOL

Depois de uma terça-feira, 5, com o sofrimento de Atlético-MG, Athletico-PR e, principalmente, Corinthians, nada como uma quarta-feira, 6, iluminada para os clubes brasileiros na Copa Libertadores. Nestas oitavas de final do torneio mais badalado da América Latina, já estão classificados cinco clubes brasileiros e dois argentinos. Nesta quinta-feira, 7, ainda disputam a última vaga para as quartas de final o Fortaleza e o Estudiantes-ARG, em partida na Argentina. Assim, mesmo que o favoritismo seja do clube argentino, o Brasil tem chances de quebrar o recorde de participação na próxima fase, sinalizando a força dos clubes brasileiros, mais organizados (ainda que bem longe do ideal).

Fica claro, também, como a exigência de governança, profissionalização da administração e o VAR, junto à CONMEBOL, trouxe uma nova era à Libertadores, em que a pancadaria é punida, a catimba tem seu tempo compensado ao jogo, acabando com aquela mítica de que times argentinos e uruguaios seriam mais tarimbados ao torneio, em suma, trazendo mais justiça e correção aos resultados.

Mas, para fugir da chata política do futebol, é bom falar dos jogos da semana pelo torneio da América do Sul, já que estes foram as estrelas, jogos sensacionais, empolgantes e que entregaram o que se esperava deles.

Como é bom quando um jogo, mesmo travado com muita garra no meio campo, como foi o jogo de Boca e Corinthians, reserva aquele final, com um pênalti perdido durante o jogo (na ida também teve pênalti perdido) e um lance típico de futebol americano, um verdadeiro field goal na disputa de pênaltis decisivos. Fica a lição ao Boca, tem de jogar, ambicionar ganhar, mais do que pensar em eventual revanchismo, como foi em relação à final de 2012 com o mesmo Corinthians e também em relação ao comportamento dos dirigentes xeneizes na negociação para liberação do atacante Pavón ao Atlético-MG. Parabéns ao técnico corintiano, que soube reconhecer a limitação do seu elenco, muito pelos importantes desfalques, e confiou naquele que poderia decidir, o “goleiraçoaçoaço” Cássio. Aliás, o time não finalizou no jogo e teve 37,5% de posse no jogo.

Agora, o Timão terá tempo de recuperar suas peças mais importantes para ter condições de enfrentar o Flamengo que ontem deu um verdadeiro show no Maracanã lotado. Apesar do time do Tolima ter chegado aos jogos do mata-mata em fase ruim, pressão da torcida depois de falhas que fizeram o time perder o título colombiano, o Flamengo não deu mínimas chances ao time colombiano. O time montado pelo técnico Dorival Júnior vem mostrando que tem condições de retomar as glórias de 2019, mesmo após toda a turbulência vivida nesse ano. O atacante Pedro, mais ainda, encaixou no time no lugar de Bruno Henrique, em má-fase e machucado, e, se mantiver a crescente de gols e participação em gols, deverá, no mínimo, ser cogitado para a Copa do Mundo. Hoje, o país não tem um atacante, um centroavante de área diferenciado, matador como Pedro, com o nível de inteligência dele. Que o time cuide dele, para que a parte física chegue bem nos momentos decisivos e no fim do ano. Até mesmo o Gabigol agradece, posto que a atenção da defesa fica dividida entre mais goleadores. Olhando os números, excelente eficiência na finalização (75%) e um jogo de dribles (6) foram suficientes ao time carioca, mesmo que tivesse cerca de 50% da posse de bola.

Este Flamengo desses últimos jogos, aliás, é bem diferente daquele que jogou os jogos com o Atlético-MG e está chegando a rodada de retorno do mata-mata da Copa do Brasil. Não há como não criar expectativa pelo jogaço que será entre Flamengo e Atlético-MG, quarta que vem, dia 13 de julho. Mas, para ter chance de vencer ou garantir resultado que o leve à próxima fase da Copa do Brasil, o Galo terá de mostrar muito mais do que vem apresentando nos últimos jogos. A partida contra o fraco Emelec foi absurdamente sonolenta, com os jogadores atleticanos espalhados em campo, sem jogar em bloco e com posicionamentos esquizofrênicos. O posicionamento ruim do time vem matando as atuações dos bons laterais, até mesmo do lateral esquerdo Arana, que não vem mantendo as boas atuações que o levaram à seleção brasileira. Não adianta pensar em esquemas inovadores, variações de 4-4-2, 4-4-3, 4-2-3-1, 3-4-3, etc., se o time não joga como um conjunto, se os jogadores não conversam, sem a aproximação de Nacho e Hulk. Ano passado, mesmo quando as coisas não iam bem, Hulk, Nacho, Keno e Zaracho tinham uma sinergia e proximidade muito maior, e cabe ao técnico recuperar isso no time atual, que, inclusive, vem se reforçando para as próximas fases dos torneios nacionais e internacionais. Talvez venha dos reforços a melhoria na eficiência das finalizações, que anda em míseros 26% das finalizações que são certas, mesmo com uma expressiva posse de bola no último jogo (61%).

Já na Libertadores, o Atlético-MG irá enfrentar o atual melhor time das Américas, o Palmeiras, numa inversão do cenário vivido no ano passado. Favoritismo total para o time paulista, que ontem também propiciou aos seus torcedores uma nova goleada, com direito até a gol olímpico. O Palmeiras é o time que está melhor postado em campo, entre os postulantes ao título, com uma forma de jogar que se mantém uniforme mesmo com a mudança de jogadores. Mais do que eficiência, o trabalho já longo do treinador português, Abel Ferreira, vem proporcionando espetáculos, mostrando como o respeito ao tempo pode dar bons resultados àqueles que têm paciência na formulação do time e sua forma de jogar. Engraçado observar que, hoje, o Palmeiras é um dos times que mais driblam na Libertadores (médias de 10 contra 6, mantendo quase a mesma eficiência), algo que, com certeza, é facilitador do ataque do time.

Por fim, o Athletico-PR espera o vencedor de Estudiantes-ARG x Fortaleza, numa bem-vinda ressurreição do técnico Felipão, grande arquiteto da seleção de 2002.

Ainda, tem-se uma chave argentina, entre Talleres e Vélez Sársfield, que brilhantemente eliminou o gigante River Plate. A se mencionar a participação decisiva de um VAR formado por árbitros brasileiros, em decisão polêmica que mostra como o VAR precisa melhorar. E não se trata da bizarrice que a CBF defendeu esse ano, praticamente o não uso do VAR. Pelo contrário, deve ser defendido que os juízes devam ir ao VAR sim, sempre que necessário, mas que, na persistência de dúvida mesmo após inúmeras repetições, que se mantenha a decisão de campo. Afinal, o que se viu na centésima repetição que não se conseguiu ver na quarta ou quinta vez?

Nos moldes de outras ligas, poderia ser pensado, inclusive, que cada técnico possa solicitar a revisão do VAR 1 vez a cada tempo de jogo. Mas, sempre, persistindo a dúvida, se mantém a decisão de campo do árbitro.

Para o Brasileirão do fim de semana, bons jogos entre Corinthians e Flamengo, Atlético e São Paulo, jogos que não têm favoritos. Favorito apenas o Palmeiras, contra o Fortaleza.

Mas, hoje, fiquemos com a boa sensação de que o futebol brasileiro domina a Copa Libertadores, mais uma vez!

Por Ivan Prado

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