Criado para ser um ponto de lazer para a população do Distrito Federal, o Deck Sul foi inaugurado em 2017. Além dos constantes problemas de manutenção, o local é um dos pontos mais poluídos do Lago Paranoá.
O trecho escolhido para análise da água fica a aproximadamente 100 metros de distância da Estação de Tratamento da Caesb, onde o esgoto tratado é despejado no lago.
“Esse, seguramente, é o ponto mais sujo. Até na hora de filtrar foi onde teve maior dificuldade para filtrar a água. Dá para ver que é uma área bem degradada e é uma água que coloca em risco a saúde humana”, afirma o doutor em ecologia José Francisco Gonçalves Júnior.
Por causa de sua proximidade à estação de tratamento de esgoto da Caesb, o Deck Sul não é classificado como uma área própria para banho
Análise da água
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Os pesquisadores coletaram a água com garrafa, a 50 centímetros de profundidade, para evitar que a sujeira da superfície interferisse nos resultados.
Os resultados mostraram que o pH, a turbidez, e o oxigênio dissolvido estavam dentro do permitido. Esses índices ajudam a entender se as condições do Lago Paroná estão favoráveis para a proteção da vida aquática.
No entanto, as quantidades de amônia, de nitrato e de fosfato estavam acima do que é permitido pela legislação. A concentração elevada desses elementos pode indicar poluição por esgoto doméstico. A quantidade de zinco também estava acima do permitido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente.
A Caesb forneceu informações sobre coletas realizadas próximo à Ponte das Garças, em 14 de maio. Segundo a companhia, esse é o ponto de amplo monitoramento mais próximo ao Deck Sul. De acordo com a Caesb, todos os indicativos estudados pela companhia estão dentro dos parâmetros permitidos.
Sem banhistas 🚫
O Deck Sul não é classificado como uma área própria para banho por causa da proximidade com a Estação de Tratamento Sul. Segundo o presidente da Caesb, Luís Antônio Reis, mesmo com o esgoto tratado, os níveis de escherichia coli, bactéria que causa cólera, são considerados elevados na região do Deck.
“Toda estação de tratamento precisa ter um cuidado porque, próximo a ela, sempre vai ter um risco de ter algum problema. Existe um risco igual atravessar uma autoestrada. Mesmo se a pessoa tiver todo cuidado, é melhor atravessar pela passarela”, explica o presidente da companhia.
Outro problema do Deck Sul são as plantas conhecidas como aguapés que tomam conta do lado do píer e são um indicativo de poluição, porque se desenvolvem com facilidade onde tem sujeira. Quando essas plantas se proliferam pelo Lago, elas diminuem a oxigenação da água e aumentam o acúmulo de lixo.
A Caesb tem um barco que retira as plantas aquáticas e resíduos do Lago: o Papaguapé. São três esteiras e dois ceifadores verticais, que cortam a vegetação. Em 2012, foram retirados 12 mil metros cúbicos de resíduos com o Papaguapé, e, no ano passado, quase 5 mil.
No entanto, sozinho, o Papaguapé não dá conta mais. Em áreas próximas à estação de tratamento da Asa Sul, as plantas e o assoreamento quase formam ilhas.
“Nós temos um outro problema que é o assoreamento, que fez com que essa população crescesse. Vamos pensar em outra alternativa, em um sistema mais robusto, muito maior. Também tem que estar acoplado a um processo de despoluição do Lago”, afirma Carlos Eduardo Pereira, diretor de operação e manutenção da Caesb.
Fonte: G1

