Hospital Dia agora se chama Centro Especializado em Doenças Infecciosas

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Foto: Breno Esaki | Agência Saúde

No mês da campanha pela prevenção e tratamento do HIV/Aids, o espaço de acolhimento para as pessoas com a infecção no Distrito Federal desde a década de 80 passa a se chamar Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin). O local já foi um centro de saúde (antiga nomenclatura para as atuais UBSs), unidade mista e hospital. Agora, a unidade se firma como referência no tratamento de agravos como HIV, hepatites virais crônicas e as formas graves de tuberculose e hanseníase.

Segundo Denise Arakaki Sanchez, gerente do Cedin, o novo nome reflete a expertise dos profissionais que atuam no espaço. “Quando estamos na frente de um paciente e temos uma decisão para tomar, colocamos muitas horas de estudo, de trabalho e de experiências na área para escolher a melhor prescrição”, reflete a infectologista.

A mudança para Centro Especializado define o local como referência no trato de doenças infecciosas. “Nosso intuito é oferecer um tratamento cada vez melhor para esses agravos. É o que temos feito nas últimas décadas, o que sabemos e queremos fazer”, declara a gerente do Cedin.

A equipe médica do estabelecimento é multidisciplinar e possui infectologista, dermatologista, pneumologista, pediatra, tisiologista, radiologista, ginecologista, psiquiatra, endocrinologista e urologista.

Na carta de serviços, destacam-se a profilaxia pré-exposição ao HIV (PreP), a profilaxia pós-exposição ao HIV (Pep) e o Ambulatório de Diversidade de Gênero, mais conhecido como Ambulatório Trans, que disponibiliza tratamento e orientação para quem quer fazer a redesignação sexual.

Até setembro deste ano, foram 28,5 mil procedimentos realizados na unidade. Desde 2019, o número de atendimentos ultrapassa 127 mil.

Quem fez e faz

“Era como se nós não tivéssemos identidade”, opina a médica Rosiane Pereira sobre o antigo nome do local. Dermatologista, ela entrou para o quadro da Secretaria de Saúde em 1991 e, desde o início da carreira, trabalhou com hanseníase. Tanto que, de 2000 a 2010, foi coordenadora do programa distrital da doença. “Por isso eu sempre estive muito próxima do Centro, porque aqui, desde a fundação da cidade, é referência no tratamento da hanseníase”, conta Rosiane, que também foi vice-diretora da unidade de 2013 a 2017.

A dedicação é tamanha que a médica, aposentada desde 2017, atua de forma voluntária prestando atendimento na assistência e auxiliando a direção do Cedin. “Eu considero esse lugar como uma extensão da minha família”, comenta, emocionada.

Quem também tem história no local é a servidora Ana Maria Martins, que atua no Cedin desde 1994. “Eu vi o centro de saúde se tornar centro especializado”, reflete Ana, que hoje é uma das mais antigas do local. “Cheguei no tempo em que aqui ainda tinha médico clínico, farmácia da atenção básica, sala de vacina e até programa de tabagismo”, recorda a analista de saúde.

Para Ana Maria, o que mais marca a rotina é a relação com as pessoas que se tratam na unidade. “É muito bom ouvir deles que somos casados há 19 anos, por exemplo, porque são pacientes que estão conosco desde o diagnóstico, fazendo todo o acompanhamento”, comenta.

Histórico

Fundado em 1959 para tratar casos de tuberculose e hanseníase, principalmente entre os trabalhadores que construíam Brasília, em 1981 se tornou o “Centro de Saúde nº 1”, seguindo a política pública da época. Nesse período, atuou com programas de saúde para toda a população, incluindo vacinação.

Por causa da epidemia de HIV, na década de 90, o centro atendia pacientes portadores do vírus que recebiam medicação endovenosa, principalmente por causa de infecções oportunistas. “Chegavam de manhã, tomavam várias doses ao longo do dia, se alimentavam aqui e à noite iam embora”, explica Denise. Por isso, em 1997, o local passou a se chamar Hospital Dia, em referência ao tratamento diurno oferecido aos pacientes.

A designação, porém, não refletia a totalidade do atendimento prestado.

De acordo com a gerente do Cedin, esse público específico atendido pelo estabelecimento de saúde enfrentava muito preconceito e, às vezes, nem a família os apoiava. O local, então, significava acolhimento para quem enfrentava a Aids. “Era um momento em que esse paciente era bem recebido pelos profissionais e encontrava outras pessoas na mesma situação”, lembra Denise.

Em 2001, com o avanço do tratamento do HIV/Aids, a internação durante o dia praticamente deixa de acontecer. Assim, o local passa por uma nova mudança: virou unidade mista de saúde, ou seja, passou a oferecer serviços básicos de saúde e continuou sendo referência no atendimento às doenças infecciosas.

O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) foi agregado ao Hospital Dia em 2014, aumentando a carta de serviços. O CTA fica na Rodoviária do Plano Piloto e oferece testes rápidos para HIV, sífilis e hepatite e orientações para casos positivos e prevenção. Em 2017, foi criado o Ambulatório de Diversidade de Gênero, e, em 2018, inaugurado o Ambulatório PreP, onde é oferecida a profilaxia pré-exposição ao HIV.

“Fomos aumentando nossa oferta de serviços, mas, nas duas últimas décadas, dá para perceber que fomos nos especializando no cuidado às pessoas com HIV”, afirma Denise. Além disso, o estabelecimento de saúde continua sendo referência no tratamento de hepatites virais crônicas (tipos B e C), de tuberculose (tuberculose de difícil diagnóstico, tuberculose extrapulmonar e as formas da doença resistentes aos medicamentos comuns) e de hanseníase (principalmente para as formas mais graves da doença).

Ambulatório Trans

O Ambulatório de Diversidade de Gênero fica no segundo andar do prédio, onde, antigamente, os pacientes com HIV ficavam internados recebendo medicação durante o dia. A equipe também é multidisciplinar e conta com médicos endocrinologistas, urologistas e dermatologistas, além de psicólogos e fonoaudiólogos, que atuam em todas as fases da redesignação sexual dos pacientes.

O local é o primeiro a prestar esse tipo de assistência no Distrito Federal e oferece aconselhamento e todo o tratamento hormonal para quem deseja mudar de sexo. “O primeiro passo é garantir, para as pessoas que não se identificam com o corpo em que nasceram, um espaço para serem acolhidas, mesmo que, logo de cara, não queiram fazer a redesignação”, explica a gerente do Cedin. Atualmente, o Ambulatório Trans tem 250 usuários inscritos e mais 400 na fila para atendimento.

Caso, após o trabalho de orientação pelos profissionais, o paciente opte pela mudança, todo o processo de redesignação é feito pela equipe do Ambulatório Trans. Apenas o que não está incluído nos serviços são as cirurgias, como a mamoplastia masculinizadora.

*Com informações da Secretaria de Saúde

Fonte: Agência Brasília

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