Polícia prende 12 integrantes de facções criminosas interestaduais

29 de maio de 2023 405 visualizações
Postado 2023/05/29 at 11:06 AM

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, nesta manhã (29), a segunda fase da Operação Sicário. Com isso,12 integrantes de duas organizações criminosas, sendo 11 deles pertencentes a uma facção paulista e o último da segunda facção no Rio de Janeiro, foram presos preventivamente.

Na ação, ainda foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão nas cidades de Brazlândia, Samambaia, Riacho Fundo I, no DF; e Monte Alto, no interior de Goiás. Outros mandados de busca foram cumpridos, com o apoio da Polícia Penal do DF, em celas do Complexo da Papuda e da Penitenciária Feminina do Distrito Federal. A ação nas penitenciárias envolveu 30 policiais penais.

As investigações começaram há dois meses, com a prisão de um integrante da facção paulista responsável pelo recrutamento de novos faccionados em Brazlândia. Na época, foram identificadas ordens de ataque à polícia e à população da cidade, emitidas por um integrante conhecido por Waltinho, que foi preso no Complexo da Papuda.

Na primeira fase da operação, foram presos o filho e a companheira de Waltinho, em Brazlândia e Samambaia. A dupla e Waltinho foram denunciados pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por crime de pertencimento a organização criminosa, em março deste ano.

As investigações apontaram que outros integrantes, das duas organizações criminosas investigadas, ainda atuavam em Brazlândia tanto no tráfico de drogas e roubo, quanto na receptação e adulteração de veículos.

Da cadeia, parte do grupo comandava o esquema criminoso. “Todos os investigados foram indiciados pelo crime de pertencimento à organização criminosa, que prevê pena de reclusão de três a oito anos”, destaca o delegado, Luís Fernando Cocito.

De acordo com a PCDF, havia brigas contantes entre as facções na luta pelo poder, inclusive com envio de mensagens e recados entre os grupos criminosos (denominados “salves”), frequentes no Estado de São Paulo. Os presos desta segunda fase da operação eram responsáveis em produzir, coletar e transmitir esses recados mediante interação com integrantes da cúpula da facção paulista.

“Segundo alguns recados captados pela PCDF, a célula local da facção paulista pediu apoio à cúpula para não perder poder no Complexo da Papuda. Ainda conforme os recados, os faccionados do grupo criminoso paulista que foram presos hoje, no DF, temem perder força no coração do Brasil”, referindo-se à capital federal, explica o delegado Cocito.

As investigações comprovaram que faccionados da organização de São Paulo exigiram para o recrutamento (batismo) de dois novos integrantes, que eles matassem o sobrinho de um policial militar de Brazlândia. Os criminosos aceitaram a proposta e a vítima, de 37 anos, foi morta na quadra 58, da Vila São José de Brazlândia, no dia 25 de setembro de 2022. Após o crime, os autores foram filiados ao PCC. Esses dois criminosos também foram presos na manhã de hoje.

Outros recados captados mostraram que dois integrantes da facção de São Paulo, que atuam em Brasília, estariam decidindo sobre a tortura e morte de um faccionado e da esposa dele, pois teriam traído a organização criminosa. Mas, meio à tortura, os executores deveriam dizer aos traidores que eles iriam sobreviver para garantir a obtenção de informações sensíveis antes da execução do casal.

Uma outra deliberação e decisão sobre a morte de um inimigo local da facção também foi levantada durante as investigações da PCDF.
A pedido da PCDF, a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal (VEP) incluiu Waltinho no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), no último dia 24 de maio, pelo período de um ano. O preso transmitiu a seu filho a missão de batizar (recrutar) novos integrantes para a facção paulista em Brazlândia. Também coube ao filho do criminoso a missão de atacar policiais e atear fogo nos ônibus da cidade.

De acordo com as apurações, o objetivo do grupo criminoso paulista era gerar pânico na cidade, não apenas recrutando novos integrantes, mas atacando grupos rivais, a polícia e a população. No ano de 2019, Waltinho envolveu-se na transmissão de recados ameaçadores a um delegado da PCDF e à juíza da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.

De acordo com o delegado Cocito, uma das mulheres presas pela PCDF na manhã de hoje era o elo entre os membros da facção paulista atuante no Distrito Federal e a alta cúpula da facção no Estado de São Paulo. “Ela transmitia os recados dos faccionados presos para a “sintonia final” (cúpula), bem como se empenhava na resolução de demandas trazidas pelos faccionados no interior do estabelecimento prisional. A criminosos também foi quem transmitiu o pedido de socorro da facção local para a cúpula, em razão do suposto crescimento da facção concorrente do DF. A PCDF , desse modo, requereu a inclusão dela e de outras lideranças do grupo de São Paulo no RDD”, explica Cocito.

Após a repercussão da chacina do Distrito Federal, integrantes locais da facção paulista prestaram contas à cúpula sediada em São Paulo, pois ela queria confirmar se o responsável pela chacina, preso pela PCDF, também era integrante da facção.

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