O envelhecimento populacional tem sido uma tendência global. Por aqui, dados do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud) apontam para o mesmo cenário. Segundo levantamento do Pnud, entre 2015 e 2030, o número de moradores com mais de 65 anos vai dobrar no Distrito Federal. E até 2050, os idosos serão 25% do total da população da capital.
Esse contexto exige a elaboração de políticas públicas com foco nessa etapa da vida. Uma das áreas que demanda atenção é a saúde. Na rede pública, essa população conta com diversos serviços voltados para melhor atender as especificidades dos idosos. “Na Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o cuidado com a pessoa idosa é pautado na Política Nacional da Pessoa Idosa, com ênfase na promoção do envelhecimento ativo”, pontua a responsável da área técnica da Saúde do Idoso na Atenção Primária, Ângela Maria Sacramento.
Segundo ela, a assistência à pessoa idosa acontece em todos os níveis de atenção – primária, secundária e hospitalar – por meio dos programas e equipamentos de saúde, tais como unidades básicas de saúde (UBS), núcleos regionais de atendimento domiciliar (NRAD), centros de atenção psicossocial (Caps), policlínicas, ambulatórios, cuidados paliativos, entre outros.
Porta de entrada
“A porta de entrada para a assistência ao idoso é a Atenção Primária à Saúde (APS), especificamente nas unidades básicas de saúde”, indica Ângela. Na APS, é feito o acompanhamento longitudinal – ao longo da vida – e integral dos idosos. Ali, as equipes de saúde verificam e tratam as doenças dessa população, além de promover a saúde, o envelhecimento ativo e prevenir o aparecimento ou agravo de doenças crônicas não transmissíveis. Nesse espaço, também são estimuladas a autonomia, a independência e a participação dos idosos em atividades coletivas.
“As equipes de Saúde da Família realizam o acompanhamento dos idosos com apoio dos profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf)”, explica a responsável da área técnica da Saúde do Idoso na Atenção Primária. As atividades desenvolvidas nas UBS levam em conta as necessidades dos usuários (idosos) do território/comunidade atendida.
Entre elas, pode-se mencionar os bate-papos em Saúde Mental, o circuito multifuncional de prevenção de quedas, a oficina de memória, o grupo de estimulação cognitiva, o grupo MobilizaDOR, o grupo de hábitos de vida saudável, o grupo tabagismo, além de diversas práticas integrativas em saúde. A orientação é que cada um busque na sua UBS de referência quais são as atividades oferecidas na localidade.
Ângela explica que, com a pandemia, as atividades coletivas ficaram suspensas. Mas aos poucos estão retornando e seguindo todos os cuidados necessários para o período: distanciamento, uso de máscara e realização em ambiente aberto ou bem arejado.
No ano de 2021, até o momento, no âmbito da APS, foram realizados 152.072 atendimentos de enfermagem e 238.152 atendimentos médicos à população com 60 anos ou mais.
Idosos com necessidades específicas
Além do atendimento feito na Atenção Primária, os idosos que apresentam alguma vulnerabilidade funcional ou fragilidade podem ser encaminhados para acompanhamento na Atenção Secundária. Neste nível de atenção, poderá ser realizado o acompanhamento em um dos 11 ambulatórios de geriatria, sendo que o ambulatório da Policlínica de Taguatinga é referência no DF. “O ambulatório é composto por equipe interdisciplinar completa: geriatra, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo, serviço social e enfermeiro”, detalha Ângela.
Os idosos que demandem algum tipo de reabilitação, tais como nas áreas de terapia ocupacional, fonoaudiologia, fisioterapia e outras, podem ser assistidos nos centros especializados em reabilitação (CER), localizados em Taguatinga, no Hospital de Apoio de Brasília (HAB) e Centro Educacional da Audição e Linguagem Ludovico Pavoni (CEAL-LP). Além dos centros, os idosos também contam com 15 ambulatórios de saúde funcional localizados nas regiões de saúde.
“Para acessar esses serviços, o encaminhamento é feito pelos profissionais da Atenção Primária, ou seja, a partir das UBS”, destaca Ângela.
Envelhecimento ativo
A promoção do envelhecimento ativo é a ênfase dos cuidados oferecidos a essa população. E esse incentivo começa desde cedo e perpassa todos os ciclos da vida. “Inicia-se ainda no pré-natal, com o incentivo à amamentação, hábitos de vida saudáveis, segurança alimentar, prática de atividade física e promoção da saúde mental. A finalidade é chegar à velhice de forma mais saudável, independente e com a autonomia preservada”, explica a responsável da área técnica.
Assim, é essencial que a atenção e os cuidados de promoção à saúde iniciem-se o mais precocemente possível, bem antes dos 60 anos. Esse cuidado ao longo da vida favorece o controle das doenças preexistentes para evitar agravos futuros e propiciar melhor qualidade de vida.
Fonte: Agência Brasília