Você tem cuidado da sua criança interior?

Certo dia, passeando com os dogs, avistei uma mãe com uma criança de aproximadamente 4 anos. Ela parecia apressada e muito estressada. A mulher andava uns cinco passos à frente da criança. Apesar de eu ter ficado preocupada ao ver a distância entre as duas, eu sabia que ela estava segura.

Ela tinha a mesma fisionomia da mãe, estava chateada e estressada, tentado andar rápido para alcançar a mãe com aquelas perninhas tão pequenininhas e ainda com uma mochilinha nas costas.

A criança notou a presença da Dara e da Lizie e se distraiu ao vê-las brincando. Por um momento seu rosto havia se livrado daquela chateação e da fisionomia tristonha. Foi então que sua mãe, um tanto impaciente, virou para trás e percebeu a distração da filha. Ela gritou com a menina para que andasse mais rápido e a arrastou pela mão. Ela voltou com a expressão chateada, acompanhada por um leve choro por sua diversão momentânea ter acabado.

Eu fiquei olhando para tudo aquilo tão atentamente que até me esqueci de acompanhar a Dara e a Lizie com o olhar. Foi quando percebi que algumas lágrimas correram no meu rosto.

Pensei em trazer esse assunto à tona porque passado o dia das crianças, eu consegui perceber o quanto crescemos como adultos com diversas dificuldades por termos passado por traumas não curados ou situações que acabam marcando nossa infância.

Já conversei com muitas pessoas que conseguem se lembrar claramente de sua infância e outras que apagaram memórias para se protegerem de dores causadas por essas lembranças.

Todos nós colecionamos inúmeras memórias como essa. Lembranças boas e ruins nos acompanham por todo o nosso crescimento.

Hoje, com o mundo tendo mais acesso ao autoconhecimento, finalmente, conseguimos compreender a relação da infância com a vida adulta.

O fato é que crescemos com algumas sequelas de todos esses acontecimentos, e isso acabou formando o adulto que somos hoje. O mesmo adulto que lida com mundo, que se relaciona com outras pessoas e que enfrenta dificuldades.

Em uma das minhas últimas sessões de terapia, eu aprendia justamente sobre isso. Eu já sabia que a “infância” de alguma forma nos acompanhava durante a vida, mas não tinha noção do tamanho da influência dela na nossa vida adulta.

Fica bem perceptível, principalmente, quando certos comportamentos imaturos da nossa parte passam a se tornar frequentes.

A criança interior não curada, pode trazer uma série de comportamentos “infantis e inadequados” para o nosso adulto de hoje.

Nossos pais mal sabiam que algumas “disciplinas” ou “tratos” acabaram despertando alguns medos comuns da nossa vida adulta como: o de ser rejeitado, abandonado, a sensação de não utilidade, carência, distorção do ego, entre outras.

Já se pegou interpretando certas atitudes infantis e imaturas, às vezes, até se questionando como pode ter tido tal postura chegando ao ponto de não se reconhecer por algum comportamento?

A verdade é que a nossa criança interior nunca foi embora. A gente é quem colocou ela no quartinho escuro, e por muito tempo ela ficou presa, assombrada e gritando de desespero com o medo de termos a esquecido por lá.

Ao aprender sobre tudo isso, passei a trazer a minha criança para viver juntamente comigo. Passei a reconhecer que ela tem suas inseguranças e vontades. Passei a levá-la para passear e se divertir. Passei a legitimá-la como alguém que vive comigo. Passei a perdoá-la pelos maus comportamentos e a elogiá-la quando se sai bem nas matérias da vida.

Eu estou aprendendo a lidar com ela. Ela ficou no escuro por muitos anos e agora, estamos aprendendo a conviver juntas novamente.

Parece loucura para você? Se sim, eu te indico considerar a hipótese de saber que dentro do seu mundo existem vários personagens que se apresentam durante a vida. E uma delas, é a criança adormecida.

Pense nisso e até a próxima coluna!

Hisis Hortênia

QG Mulher Loja Colaborativa de Mulheres

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