Campinas avalia usar mosquito modificado para reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com bactéria Wolbachia têm a capacidade reduzida de transmitir os vírus para as pessoas, diminuindo o risco de surtos de dengue e doenças como zika e chikungunya.

27 de março de 2024 61 visualizações
Postado 2024/03/27 at 9:44 AM
Aedes aegypti com Wolbachia dentro de tubo de ensaio — Foto: Reprodução/TV Globo

Campinas (SP) avalia usar mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia como uma das estratégias de combate contra a dengue. Com 29,1 mil casos registrados desde janeiro, a cidade vive a terceira maior epidemia da doença na série histórica, que começou a ser contabilizada desde 1998.

A medida foi discutida durante um encontro do prefeito e representantes da Saúde com uma comitiva do Ministério da Saúde e integrantes de órgãos estaduais, nesta terça-feira (26). O uso do método Wolbachia já é realidade em cidades nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, por exemplo.

“(…) discutimos a possibilidade da bactéria Wolbachia, que é uma tecnologia que impede a multiplicação do vírus da dengue no mosquito, venha para Campinas. Vamos fazer uma solicitação”, avisou Andrea von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa).

g1 procurou o Ministério da Saúde para questionar qual o protocolo necess[ario para uso de mosquitos modificados, e a reportagem será atualizada assim que a pasta se manifestar.

O que é Wolbachia?

  • A Wolbachia é um microrganismo intracelular e não pode ser transmitida para humanos ou animais.
  • Mosquitos que carregam essa bactéria têm a capacidade reduzida de transmitir os vírus para as pessoas, diminuindo o risco de surtos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
  • Nem os mosquitos nem a Wolbachia sofreram qualquer modificação genética.

O método teve início com a World Mosquito Program (WMP), iniciativa global sem fins lucrativos, e conta com participação no Brasil da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Fiocruz solta Aedes aegypti com Wolbachia — Foto: Reprodução/TV Globo

Até agora, quatro pessoas já morreram pela doença em 2024 em Campinas. No sábado (23), a metrópole superou os números de 2019, quando foram 26.341 confirmaçõesVeja detalhes:

Estado de emergência

No início de março, a Prefeitura de Campinas decretou estado de emergência para dengue. A medida permite a adoção de ações necessárias à contenção do aumento de casos com maior flexibilidade, ou seja, sem necessidade de licitação.

Entre as ações, estão direcionamento de recursos financeiros e agilidade na compra de insumos, soro e materiais para nebulização, além de pagamento de horas extras e eventual contratação de efetivo para reforçar a assistência.

Quando procurar atendimento?

Em fevereiro a cidade já havia anunciado mudanças nos protocolos de atendimento. Desde então, a orientação é de que pacientes com febre busquem atendimento no centro de saúde mais próximo.

Antes, a recomendação da prefeitura era que os moradores procurassem atendimento médico quando o paciente apresentasse febre e mais dois sintomas associados, como dor de cabeça, dor no corpo, náusea, vômito, manchas no corpo, dor articular e dor atrás dos olhos.

Já os pacientes que, além da febre, apresentarem tontura, dor abdominal intensa, vômitos frequentes, suor frio e sangramentos devem recorrer a um pronto-socorro ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Pela primeira vez na história, circulam três sorotipos simultâneos na cidade: 1, 2 e 3. A Secretaria de Saúde destaca que os moradores não devem subestimar os sintomas.

Andrea von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), de Campinas (SP), apresenta dados de dengue em encontro com representantes do Ministério da Saúde. — Foto: Carlos Bassan
Andrea von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), de Campinas (SP), apresenta dados de dengue em encontro com representantes do Ministério da Saúde. — Foto: Carlos Bassan

A alta de casos de dengue fez Campinas anunciar, na última quinta-feira (21), a ampliação do horário de funcionamento de postos aos finais de semana para atender casos suspeitos de dengue.

Serão 10 unidades funcionando aos sábados, com períodos específicos para receber sintomáticos da doença, além de um centro de saúde aberto aos domingos. Veja aqui os horários.

Orientações à população

🌡️ A dengue causa febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas na pele, vômito e diarreia, resultando em desidratação. Veja algumas das medidas de prevenção:

  • Utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas de casa;
  • Deixe as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol;
  • Mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros;
  • Tampe os tonéis e caixas d’água;
  • Mantenha as calhas limpas;
  • Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
  • Mantenha lixeiras bem tampadas;
  • deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
  • Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
  • Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
  • Limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas;
  • Coloque repelentes elétricos próximos às janelas (o uso é contraindicado para pessoas alérgicas);
  • Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados;
  • Evite produtos de higiene com perfume porque podem atrair insetos;
  • Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
Larva do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue e da chikungunya — Foto: Rogério Capela/Divulgação
Larva do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue e da chikungunya — Foto: Rogério Capela/Divulgação

Fonte: G1

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